Por cada mil mamografias, 4 mulheres têm cancro

Por cada mil mamografias são detectados quatro casos de cancro da mama, disse hoje à Lusa o coordenador de um rastreio da doença realizado no Algarve nos últimos dois anos a mulheres entre os 50 e 65 anos.

Em declarações à Lusa, o coordenador do rastreio do cancro da mama no Algarve, Mariano Ayala, explicou que a investigação começou a ser realizada em Setembro de 2005 e que até Setembro deste ano foram feitas 15 mil mamografias (exame das mamas realizado com baixa dose de raios x).

Entre as 15 mil mamografias realizadas neste rastreio foram identificadas 62 mulheres no Algarve com cancro da mama, ou seja por «cada mil mamografias quatro mulheres têm cancro da mama», disse o médico Mariano Ayala.

O rastreio consiste em primeiro lugar na chamada «convocatória» dos pacientes, depois é realizada a mamografia, fazem-se exames adicionais se necessário e depois há, ou não, a referenciação do cancro.

No Algarve, das 15 mil mamografias foram estudadas em mais detalhe 325 mulheres e dessas concluiu-se que 62 tinham cancro da mama.

O coordenador do estudo explicou que o rastreio foi feito a mulheres dos 50 anos até aos 65 anos de idade numa unidade móvel, mas que num futuro se espera que a investigação se estenda a mulheres até 70 anos de idade e que se possa ter uma unidade fixa na região para facilitar o rastreio.

«Para o futuro pensamos trabalhar com mulheres até aos 70 anos e ter pelo menos uma unidade fixa no Algarve», referiu Mariano Ayala, adiantando que o rastreio, hoje apresentado no Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, custou 290 mil euros.

No mês internacional do cancro da mama, Mariano Ayala recorda que em Portugal o cancro da mama tem uma menor incidência (novos casos) em relação ao contexto europeu, ou seja por cada 100 mil mulheres há menos casos com cancro da mama em Portugal, do que nos resto dos países europeus.

Prevenção é o melhor remédio

O especialista alerta que a prevenção é o melhor remédio para sobreviver ao cancro da mama e evitar a tumorectomia (técnica cirúrgica que consiste na remoção do tumor, bem como de uma margem envolvente de tecido normal) ou mesmo a mastectomia (cirurgia de remoção completa da mama).

O rastreio é um «produto da estreita coordenação entre a Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS), Associação Oncológica do Algarve e dos dois hospitais do Algarve» - Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio e Hospital Distrital de Faro, mencionou ainda o coordenador do rastreio no Algarve.

Cancro da mama: principal causa de morte

O cancro da mama é a principal causa de morte nas mulheres entre os 35 e os 59 anos, vitimando quatro portuguesas por dia.

A prevenção desta doença assenta na realização de rastreios e consultas de rotina e numa coordenação multidisciplinar entre vários especialistas, permitindo um diagnóstico e o início de tratamento o mais rapidamente possível.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Senologia, em Portugal surgem anualmente cerca de quatro mil novos casos de cancro da mama. Destes, 1.500 acabam por resultar na morte das doentes.