«O senhor ministro ameaçou-me» - TVI

«O senhor ministro ameaçou-me»

Ministro da Saúde, Correia de Campos (Foto Inácio Rosa, Lusa)

Autarca da Anadia acusa Correia de Campos de «atitude intimidatória»

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«O ministro ligou-me durante a manifestação [no sábado à noite] para tentar intimidar-me e ofendeu-me». No enredo das já difíceis relações entre Correia de Campos e Litério Marques, mais um episódio veio a público esta quarta-feira atirar mais uma acha para a fogueira. Segundo o autarca da Anadia, o ministro ligou para o seu telemóvel durante a manifestação, mas o edil não ouviu a chamada.

«Como eu não ouvi o telemóvel, ligou para minha casa, incomodou a minha esposa e a minha filha», revela Litério Marques ao PortugalDiário. «Disse à minha filha que era urgente e ela conseguiu contactar um vereador que me avisou da chamada. Respondi mal soube», às 21h33, vinte minutos depois do primeiro contacto do ministro Correia de Campos, que ficou registado no telemóvel do autarca.

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O problema, explica Litério Marques, não foi a chamada. «Tenho muito gosto em falar com o ministro, que é sempre muito simpático comigo», mas o teor da chamada levou-o a denunciar a situação à comunicação social, numa notícia avançada esta quarta-feira pelo Jornal da Bairrada.

«O senhor ministro ameaçou-me, demonstrou uma atitude intimidatória e ofensiva», desabafa o edil, explicando que Correia de Campos considerou-o responsável «pelas agressões à ambulância e pessoal do INEM». Agressões que não aconteceram, garante Litério Marques, que esteve presente na vigília. «É óbvio que não foi um movimento ordeiro, nenhuma manifestação é; mas a GNR estava presente e os ânimos acalmaram. Não há, aliás, registo de qualquer incidente por parte das autoridades».

O autarca explicou isto mesmo a Correia de Campos, via telefone, mas garante ao PortugalDiário que o governante insistiu: «Responsabilizo-o por todas as agressões. O senhor, enquanto presidente da câmara e da Protecção Civil, é o responsável máximo. Já dei ordens ao Governo Civil e às autoridades para o responsabilizarem pelo que aconteceu ou venha a acontecer».

«Foi uma tentativa de me silenciar»

«Nada de grave aconteceu e ninguém agrediu o pessoal do INEM ou atacou a ambulância», afirmou Marques que ainda acrescentou, neste telefonema azedo, que «se esta era uma tentativa» de o «silenciar», que tal «nunca aconteceria». «Não sou um garoto. Tenho 76 anos. Fiquei revoltado com o que ouvi. Passaram-se três dias, mas eu tinha de denunciar esta situação».

Litério Marques diz mesmo que se sentiu violentado com a chamada, com o telefonema para sua casa: «Incomodaram a minha filha e a minha esposa. O ministro sabia que eu não estava em casa, apesar de não ser eu que organizo as manifestações. Mas eu estarei sempre presente ao lado do movimento dos utentes e do povo da Anadia. Sempre ao lado dos mais de 120 mil pessoas que ficaram sem urgência. Sempre com o povo da Bairrada. E o ministro, mesmo com estas tentativas de me calar, não me mete medo».

Ministério da Saúde tem versão diferente

Contactada pela Agência Lusa, fonte do gabinete do ministro da Saúde disse que o contacto telefónico estabelecido no sábado entre Correia de Campos e Litério Marques foi apenas de «preocupação», face a imagens televisivas que mostravam alguma agitação e apupos ao pessoal do INEM. «Da parte do gabinete do senhor ministro, a preocupação que houve foi no sentido de tentar esclarecer se, de alguma forma, estaria em risco o pessoal ou o equipamento da ambulância do INEM», disse a mesma fonte.

Segundo o gabinete, o presidente da câmara terá dado a garantia de que nada iria acontecer, o que tranquilizou o titular da pasta da Saúde.
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