Face Oculta: Godinho «não se opõe» ao pedido de Vara - TVI

Face Oculta: Godinho «não se opõe» ao pedido de Vara

Face Oculta: Armando Vara

Vara quer «o fim do segredo de justiça». Defesa do sucateiro tem «sérias dúvidas» de que o requerimento seja deferido

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Armando Vara vai pedir, na próxima semana, o levantamento do segredo de Justiça em relação a todos os elementos que lhe dizem respeito no processo «Face Oculta» e a defesa do empresário das sucatas, Manuel José Godinho, principal arguido do processo, nada tem a opor, adiantou ao tvi24.pt o advogado Rodrigo Santiago.

O advogado do empresário de Ovar não irá, contudo, avançar com um requerimento semelhante por ter «sérias dúvidas» de que um pedido do género viesse a ser deferido.

«Nunca fui grande defensor do segredo de justiça, mas tenho sérias dúvidas de que o requerimento (de Armando Vara) venha a ser deferido», sustenta o defensor de Godinho, alegando a «dificuldade em levantar o segredo de justiça para um arguido e mantê-lo para os restantes».

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Também o advogado de Hugo Godinho, sobrinho do empresário de Ovar, e de Maribel Rodrigues, secretária do principal arguido, nada tem a opor ao requerimento do vice-presidente do BCP, com funções suspensas, mas não vai seguir-lhe o exemplo.

«Da minha parte, não tenciono requer o levantamento do segredo de justiça, a minha estratégia de defesa não passa por aí, mas nada tenho a opor que outros o façam», refere Artur Marques.

Igualmente ouvido pelo tvi24.pt, o advogado de Armando Vara, Tiago Rodrigues Bastos, é categórico nos propósitos: «Queremos o fim do segredo de justiça» para que o ex-ministro possa «mostrar tudo o que existe» no processo em relação a si e tenha hipótese de se defender dos «ataques» de que tem sido alvo na praça pública.

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Tendo em conta que o segredo de justiça existe, por um lado, para não prejudicar a investigação e, por outro lado, para salvaguardar o bom nome de quem é investigado, o advogado Tiago Rodrigues Bastos diz que «se é para salvaguardar o bom nome do arguido, então não é preciso que se mantenha».

«A ponderação sobre se o levantamento do segredo de justiça em relação ao dr. Armando Vara colide com o dos restantes arguidos não me cabe a mim fazer», sustenta ainda.

A decisão de levantar o segredo de justiça cabe ao Ministério Público, mas caso o procurador se oponha, caberá ao juiz de instrução a palavra final. Não há recurso desta decisão.

De acordo com a investigação, o antigo ministro socialista terá exercido a sua influência para beneficiar as empresas de Manuel José Godinho na adjudicação de contratos para tratamento de resíduos com empresas participadas pelo Estado.

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O juiz de instrução entende existirem indícios de que Armando Vara recebeu contrapartidas por apresentar o administrador da EDP Imobiliária, Paiva Nunes, ao empresário de Ovar, a fim de que aquele, combinasse as contrapartidas a receber pelo favorecimento do universo empresarial do principal arguido do processo.

O Ministério Público refere que Vara terá solicitado e recebido dez mil euros pela sua intervenção, mas de acordo com fonte da defesa, o juiz de instrução não considerou existirem indícios suficientes em relação a essa contrapartida.

Isto é, o reforço das medidas de coacção terá assentado na suspeita de outro tipo de contrapartidas, que a mesma fonte se escusou a adiantar.
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