Um caso «Maddie» resolvido em três horas - TVI

Um caso «Maddie» resolvido em três horas

  • Portugal Diário
  • António Martins Neves, Agência Lusa
  • 31 jan 2008, 10:01
Foto de Madeleine - [retirada do blogue de Gerry McCann]

Menina de 4 anos desapareceu de Lisboa quatro dias depois de Madeleine

Relacionados
O paradeiro da britânica Madeleine McCann era desconhecido há quatro dias quando tocou o telemóvel do responsável do departamento de desaparecidos da Polícia Judiciária (PJ), em dia de folga. Outra criança, da mesma idade, sumira-se.

O caso tinha ocorrido em Lisboa e não no Algarve, como sucedera com «Maddie». Com os holofotes no máximo e apontados à PJ portuguesa pela opinião pública inglesa, Ramos Caniço teve um estremecimento e rapidamente decidiu que tinha que tentar o tudo por tudo e resolver o caso o mais rapidamente possível.

Eram 10:30 da manhã, as compras no supermercado tiveram que ser interrompidas, mas o Coordenador do Departamento Central de Informação e Polícia Técnica da PJ sabia que não podia correr o risco deste desaparecimento vir a ganhar a dimensão pública que ocorrera na algarvia Praia da Luz.

Dois inspectores foram mobilizados no momento e seguiram para o terreno, como sucederia noutro caso com estas características, mas pouco depois Ramos Caniço decidiu que desta vez tinham que ser mais, e outros oito que estavam de prevenção «pegaram» também no caso.

Maddie: autoridades inglesas com dúvidas

«Vista pela última vez»: entre Maddie e Esmeralda

Três horas depois a criança estava entregue à mãe e o responsável da PJ tinha o resto do domingo para respirar fundo e relaxar do «susto».

Com cinco anos de liderança da secção da PJ encarregue de encontrar desaparecidos, Ramos Caniço garante que foi pela primeira vez confrontado com um álibi semelhante ao apresentado pelos pais de Maddie, desaparecida na Praia da Luz.

«Eu vinha vê-la de hora a hora...», conta Ramos Caniço, citando a mãe da menina de quatro anos.

Na festa onde estivera este argumento caiu por terra após várias pessoas serem ouvidas pelos investigadores e a mulher não teve outro remédio do que reconhecer que a filha tinha passado a noite inteira sozinha na vivenda, situada na zona de Loures.

Criança estava em casa da vizinha

Mais umas diligências e num telefonema a polícia acerta em cheio, quando ouve a interlocutora, uma vizinha, dizer do outro lado: «Está aqui em casa a dormir . . .»

Resumidamente, os pormenores da história completam-se com a criança de quatro anos a acordar sozinha em casa pouco antes das 04:00 da manhã. Como não encontra ninguém, sai para a rua, em pijama, provavelmente estremunhada e assustada, onde a vizinha a encontra e leva-a para casa.

Quando a mãe regressa a casa, às 08:00, e dá pela ausência da filha, telefona à GNR, que contacta a PJ às 10:30. Pouco depois da hora de almoço o caso estava encerrado e «reposta a normalidade».

Este foi um exemplo contado à agência Lusa por Ramos Caniço, que recorre às suas próprias estatísticas para sustentar que no ano passado entre 92 a 94 por cento dos casos de desaparecidos que chegaram à PJ na área da Grande Lisboa foram resolvidos, como aquele.

Ao todo, contabiliza 1.618 desaparecidos na região da capital em 2007, uma taxa inferior a 0,9 por cento da população.

Na prática, salvaguarda o investigador, acabam por ser menos. Só um paciente de um hospital foi dado como desaparecidos 26 vezes nos últimos dois anos.
Continue a ler esta notícia

Relacionados