Comando televisivo aliado da obesidade - TVI

Comando televisivo aliado da obesidade

  • Portugal Diário
  • 29 fev 2008, 13:49

«Epidemia de diabetes nunca ameaçou tanto portugueses», diz especialista

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O comando da televisão e a «fast food» são aliados do sedentarismo e da obesidade, responsáveis pela epidemia de diabetes que nunca ameaçou tanto os portugueses como hoje, disse à agência Lusa Almeida Ruas, galardoado com o Prémio de Excelência de Diabetes.

Trata-se da segunda edição deste prémio, organizado pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia e um laboratório, que será entregue no decorrer do 8º Congresso Português de Diabetes, que decorre em Vilamoura.

Há 900 mil diabéticos: você pode ser um deles

Em declarações à Lusa, Almeida Ruas disse estar «orgulhoso» do galardão, por considerar que já fez alguma coisa pela doença, referindo-se ao trabalho que desenvolve desde 1965 nesta área.

Manuel Almeida Ruas, fundador e director do serviço de Endocrinologia dos Hospitais Universitários de Coimbra (HUC), licenciou-se em Medicina em 1957.

O seu interesse na diabetes e endocrinologia levou-o a ir para Paris, para o Instituto de Alta Cultura, onde frequentou os Serviços de Endocrinologia e Doenças Metabólicas do Hospital Pitié.

A sua preparação em Endocrinologia, nova área do saber médico a nível nacional e internacional, levaram-no ainda a Londres onde, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, trabalhou no London Hospital e no New England Hospital.

Almeida Ruas criou a Consulta Externa de Endocrinologia nos HUC em 1973. Desde então, como lembrou à Lusa, a doença foi alvo de um grande investimento, nomeadamente ao nível do diagnóstico.

A este propósito, o especialista sublinhou a importância da identificação das glicemias através da picada do dedo e, na área da diabetes tipo I, a substituição das seringas pelas canetas infusoras.

Em relação à doença, Almeida Ruas afirma que, do ponto de vista epidemiológico, constata-se que a diabetes tipo II «está a aumentar de uma forma epidémica», sendo «um perigo mundial».

«As estatísticas mostram valores muitíssimos elevados e os prognósticos são ainda piores, o que se deve à predisposição genética aliada ao sedentarismo e à obesidade.»

«As pessoas não se mexem, sentam-se para trabalhar e nos tempos livres e nem precisam de se levantar para mudar os canais televisivos, graças aos comandos. Esta vida sedentária, aliada à obesidade, em grande parte causada pela fast food, pode resultar em diabetes tipo II e, logo, a um elevado risco para o coração», disse.

Este prémio destina-se a premiar uma figura da diabetologia nacional que se tenha destacado pela actividade desenvolvida na clínica, na investigação ou na educação terapêutica na área da diabetes mellitus e das suas complicações.

No valor de 7.500 euros, o prémio reconhece institucionalmente as melhores práticas nacionais no controlo da diabetes, patologia que se estima atingir mais de 700 mil portugueses e que deverá duplicar na próxima década.

Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), Luís Gardete Correia, «este é um prémio muito importante pois permite, acima de tudo, distinguir um colega que tenha pautado a sua vida pessoal e profissional pela investigação e educação na área da diabetes. É uma grande honra para a SPD atribuir, anualmente, este galardão, pois é também uma forma de a sociedade se afirmar no panorama médico nacional».
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