Não há capacidade para receber alunos de medicina no estrangeiro - TVI

Não há capacidade para receber alunos de medicina no estrangeiro

Saúde (arquivo)

Esta é a opinião do director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

As universidades nacionais não têm capacidade para receber os 700 alunos portugueses a estudar no estrangeiro ou para aumentar as vagas para o curso e «manter patamar de ensino», disse à Lusa o director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

«Não podemos receber 700 alunos ou aumentar as vagas e continuar o patamar de qualidade de ensino», afirmou à Lusa José Fernandes e Fernandes.

«Não podemos ter uma turma com 30 estudantes à volta de um doente. Não só temos de proteger os direitos do doente, como os alunos têm de retirar o máximo conhecimento das práticas», explicou o professor da Universidade de Lisboa.

Este responsável falou à Lusa a propósito da medida anunciada esta quarta-feira pela ministra da Saúde de criar condições para os 700 alunos portugueses de Medicina que estudam no estrangeiro terminarem o curso nas universidades portuguesas, com o objectivo de combater a falta de médicos em Portugal.

«Apesar de não subscrever o argumento de que há falta de médicos em Portugal», José Fernandes e Fernandes admite que o período 2011-2014 seja «crítico», por coincidir com um «período de aposentação de muitos médicos generalistas».

Vagas específicas

Para uma «organização dos médicos», o cardiologista defende que sejam reservadas vagas específicas para alunos que tenham completado os três primeiros anos de curso no estrangeiro.

«Os dez por cento de vagas que estão reservadas para alunos que já tenham concluído uma licenciatura noutra área devem passar a estar reservadas para portugueses que já tivessem começado o curso de medicina no estrangeiro», defende.

Assim, por exemplo, trinta alunos portugueses a estudar no estrangeiro poderiam acabar o curso na faculdade de medicina de Lisboa, que no ano passado abriu 295 vagas, e poderiam começar a exercer clínica geral em três anos.

A faculdade de Lisboa foi a que abriu mais vagas no contingente geral para os alunos que iniciavam o curso no ano lectivo 2008/2009.

Três garantias

Para que as universidades mantivessem o mesmo patamar de qualidade, José Fernandes e Fernandes defende que teriam de ser dadas três garantias pelo Ministério do Ensino Superior e Tecnologia.

«Seria necessário que o número de vagas para o contingente geral não aumentasse, para que a qualidade do ensino não fosse prejudicada; teriam de ser feitas parcerias com clínicas para que os alunos pudessem ter as práticas fora do Hospital Santa Maria; e que houvesse um apoio financeiro do Estado», explicou.

José Fernandes e Fernandes garantiu ainda que já apresentou ao Ministério do Ensino Superior e Tecnologia e à ministra da Saúde um documento em que apresentava a proposta de reservar os dez por cento de vagas para alunos com outros cursos superiores para os alunos portugueses que já tinham iniciado o curso de medicina no estrangeiro no Verão passado.

Apesar de não saber se esta proposta serviu de base para a decisão da ministra da Saúde hoje anunciada, o reitor da Universidade de Lisboa admitiu que houve «receptividade» e que é «neste sentido» que decorreram as conversações entre as duas tutelas e a Universidade de Lisboa.
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