Desemprego: mexidas nas licenciaturas

O ministro do Ensino Superior, Mariano Gago, admitiu hoje reestruturar as licenciaturas com maior número de diplomados no desemprego, anunciando que todas as informações sobre empregabilidade dos cursos passarão a ser divulgadas semestralmente.

«Se verificarmos que determinados cursos são contribuintes sistemáticos para o desemprego, é evidente que terão de ser reestruturados», afirmou o ministro na apresentação de um estudo que, pela primeira vez, reúne dados sobre os cursos e instituições de ensino superior mais representados entre os diplomados sem trabalho.

Em conferência de imprensa, Mariano Gago ressalvou, no entanto, ser prematuro tirar conclusões deste relatório, considerando que um curso «não é necessariamente melhor ou pior só porque em determinado momento tem mais dificuldade de integrar os licenciados no mercado de trabalho».

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«Existem áreas de formação que parecem estar a contribuir para os números do desemprego numa proporção muito maior do que os diplomados que formam, mas dentro dessas áreas há cursos que contribuem mais do que outros e dentro desses cursos também é muito variável. Acontece em algumas escolas e não noutras. O que interessa é saber se é uma situação pontual ou constante», explicou.

De acordo com Mariano Gago, as conclusões do relatório hoje apresentado serão analisadas pelas instituições de ensino superior que, por sua própria iniciativa, vão acabar por reorganizar alguns dos cursos com mais licenciados no desemprego.

Salientando que são os estudantes mais qualificados e que mais complementaram a sua formação os que têm menor dificuldade em conseguir um emprego à altura das suas habilitações, o ministro anunciou ainda estar a preparar legislação que permita aos alunos e aos diplomados já inseridos no mercado de trabalho a hipótese de frequentarem «formações livres» em diversas áreas.

A futura legislação permitirá que os diplomados que estão no desemprego ou a trabalhar em empregos de baixa qualificação, por exemplo, possam complementar a sua formação, inscrevendo-se «em cadeiras avulsas» nas faculdades e institutos politécnicos.