Os alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL) manifestaram-se esta segunda-feira «frontalmente contra» a reorganização científica da instituição em quatro áreas se isso significar a extinção das faculdades enquanto unidades orgânicas, afirmando que estas irão perder autonomia, noticia a Lusa.
No âmbito dos trabalhos da Assembleia Estatutária, a Universidade de Lisboa está actualmente a discutir uma reorganização científica da instituição em quatro grandes áreas, o que poderá passar pela extinção das actuais faculdades enquanto unidades orgânicas.
Em comunicado, a direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras afirma que os alunos «posicionam-se frontalmente contra a reestruturação da Universidade (...) caso esta implique o desaparecimento das faculdades actualmente existentes para dar lugar à criação de quatro unidades orgânicas com órgãos de gestão comuns».
«Ciências da Saúde», «Ciências e Tecnologia», «Direito, Administração e Economia» e «Humanidades, Artes e Ciências Sociais» são as áreas propostas, sendo que actualmente a Universidade de Lisboa é constituída por nove unidades orgânicas: oito faculdades e um instituto.
Para os alunos de Letras, a existência de quatro unidades orgânicas vem retirar autonomia às actuais faculdades e permitir «uma acrescida ingerência de entidades externas».
«Intenções economicistas»
«Por outro lado, afigura-se-nos como uma medida com claras intenções economicistas, no sentido de um corte ainda maior do financiamento, uma vez que as mesmas instalações e o mesmo material, já de si insuficiente, teriam no caso da partilha de um mesmo espaço físico de serem distribuídos por um número muito mais elevado de estudantes», acusa a Associação de Estudantes.
Na sexta-feira, também os professores da Faculdade de Letras rejeitaram a extinção da Faculdade enquanto unidade orgânica, mas não se manifestaram contra a reorganização científica da instituição nas quatro áreas actualmente em discussão.
«Qualquer Universidade digna desse nome tem como unidade central do seu universo uma Faculdade de Letras. A mutilação de saberes imposta pela sua atomização ou extinção implicaria, ipso facto o fim da Universidade», afirmam os docentes, em moção aprovada sexta-feira em plenário.
«Melhor formação»
Para o presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras, Álvaro Pina, a nova organização «permitiria uma melhor formação de estudantes, melhores condições de ensino e investigação e que os sectores mais dinâmicos e com maior capacidade de crescimento possam desenvolver-se sem os constrangimentos que resultam da actual organização orgânica da UL».
Em declarações à Agência Lusa na quinta-feira, o responsável salientou, no entanto, que a existência de quatro áreas não significa necessariamente a «liquidação das estruturas existentes», cabendo à Assembleia Estatutária decidir se aquelas vão funcionar como unidades orgânicas ou não.
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UL: alunos de Letras contra perda de autonomia
- Portugal Diário
- 21 jan 2008, 18:59
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Reorganização científica da instituição constestada
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