Veneno de abelha usado para combater o cancro - TVI

Veneno de abelha usado para combater o cancro

Abelhas

Investigadores de Washington desenvolveram um método que reduz até 25 por cento os tumores de cancro da mama e 80 por cento do cancro da pele

Um grupo de investigadores da Universidade de St. Louis, em Washington, nos EUA, utilizou uma toxina presente no veneno de abelhas, que depois de associada a nanopartículas, foi introduzida em ratos com tumores cancerígenos, apresentando resultados positivos.

Do veneno das abelhas foi retirada a toxina melitina e foi associada a moléculas ou nanopartículas, que os cientistas baptizaram de «nanoabelhas», uma vez que a melitina por si só poderia provocar danos nas células.

Depois das «nanoabelhas» terem sido testadas nos ratos, que possuíam tumores cancerígenos, os investigadores verificaram que as partículas atacaram e destruíram apenas as células cancerígenas, sem afectar outros tecidos.

O resultado foi positivo, tendo-se verificado, após algumas injecções, que os tumores tinham encolhido ou parado de crescer. As «nanoabelhas» foram testadas em dois tipos de tumores, cancro de mama e melanoma (cancro da pele), noticia a «BBC».

Diminuição do crescimento dos tumores

Após quatro ou cinco injecções, durante vários dias, os investigadores constataram uma desaceleração de 25 por cento no crescimento dos tumores responsáveis pelo cancro da mama e de 80 por cento do tamanho dos tumores de melanoma, em comparação com tumores não tratados.

«A melitina tem interessado aos investigadores pois, em concentrações altas, pode destruir qualquer célula com que entrar em contacto, o que faz com que seja um agente anti-bacteriano e anti-fúngico e, potencialmente, um agente contra o cancro», explicou Paul Schlesinger, um dos autores da pesquisa e professor de biologia celular e fisiologia.

A melitina, componente tóxico do veneno das abelhas, é uma pequena proteína ou peptídeo, que é fortemente atraído para as membranas de células, onde pode abrir poros e matá-las.

«As células cancerosas podem adaptar-se e desenvolver resistência a muitos agentes anti-cancro, que alteram a função genética ou têm como alvo o ADN das células, mas é difícil para as células encontrarem uma forma de driblar o mecanismo que a melitina usa para matar», adiantou o professor.

Se a melitina fosse injectada directamente na corrente sanguínea, o resultado seria uma grande destruição de glóbulos vermelhos do sangue. A partir das nanopartículas, os investigadores conseguiram proteger os glóbulos vermelhos dos ratos e outros tecidos.

«As "nanoabelhas" são uma forma eficaz de embalar a melitina, que é útil, mas potencialmente letal, isolando (a toxina) para que não prejudique células normais ou seja degradada antes de chegar ao alvo», explicou Paul Schlesinger.

Futura aplicação médica

O grupo de investigadores, com base nos testes bem sucedidos, sugerem mesmo que as «nanoabelhas» podem vir a ser adaptadas a várias necessidades médicas.

«Potencialmente, (nanopartículas) poderiam ser formuladas para um paciente em particular», afirmou Schlesinger. «Estamos aprendendo mais e mais a respeito da biologia de tumores e este conhecimento pode permitir, em breve, que criemos nanopartículas para tumores específicos, usando o tratamento das "nanoabelhas"».

O estudo levado a cabo por um grupo de investigadores da Universidade de St. Louis, em Washington, foi publicado na revista científica online «Journal of Clinical Investigation».
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