Toma lá uns robalos, dá cá umas alheiras - TVI

Toma lá uns robalos, dá cá umas alheiras

Mais indigesta foi a explicação sobre os envelopes alegadamente trocados com o sucateiro. O depoimento de Armando Vara ao tribunal de Aveiro já leva largas horas

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Armando Vara continuou esta quinta-feira a ser ouvido enquanto arguido no processo «Face Oculta». Afinal, o ex-ministro que recebeu robalos de Manuel Godinho, deu umas alheiras ao sucateiro, quando este se deslocou a Vinhais.

Vara respondia às perguntas de um dos assistentes, que quis saber se, à semelhança de Manuel Godinho, que lhe ofereceu robalos e pão-de-ló de Ovar, houve reciprocidade e também ele ofereceu algum presente. «Acho que lhe ofereci uma caixa de alheiras», respondeu Armando Vara, quando novamente interpelado pelo assistente, que pretendeu saber como é que, desconhecendo a visita de Manuel Godinho nesse dia, como havia afirmado, tinha as alheiras preparadas para lhe entregar.

Nesse dia, contou Vara, era habitual receber visitas em Vinhais e as alheiras eram para as pessoas que aparecessem, como foi o caso de Manuel Godinho, com quem insistiu para ficar para almoçar.

Falou-se também de outro almoço, desta feita em Ovar, na casa de Manuel Godinho, tendo por tema envelopes, para se falar do seu recheio. Pretendeu-se que Vara explicasse se viu ou foi portador de um outro envelope, idêntico ao que lhe foi dado por Manuel Godinho, que alegadamente estava aberto e continha 17 folhas de um acórdão, destinado a um outro arguido, Lopes Barreira.

A sessão ocupou-se depois de minúcias acerca da forma como havia sido digerido um pedido de crédito de Manuel Godinho pelas instituições bancárias por onde Armando Vara passou. Este esclareceu que Manuel Godinho era «um bom cliente» da Caixa Geral de Depósitos através de várias empresas e que o facto de ter honrado os seus compromissos perante a instituição.

O ex-ministro nega ter sido ele que levou o sucateiro «para o Millennium BCP» como cliente e, por isso mesmo, fez questão de pessoalmente lhe transmitir que, também no BCP, a operação de «factoring» [crédito] tinha decisão desfavorável. «Houve uma decisão de não abrir o crédito e fiz questão de lho comunicar porque tinha sido eu a levá-lo para o BCP», declarou.

Vara explicou que a notícia de um jornal sobre a actuação das Finanças no universo empresarial de Manuel Godinho o levou a precauções acrescidas. «Tive a percepção de que era preciso agir com mais cautela em relação ao crédito e foi o que fiz», disse, sublinhando sempre ter defendido os interesses das instituições para que trabalhou.

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