Espólio de Pessoa vai a leilão em Outubro - TVI

Espólio de Pessoa vai a leilão em Outubro

Fernando Pessoa

Parte dos originais, na posse dos herdeiros do poeta, está a ser digitalizada

Relacionados
Documentos, livros, cartas, revistas e fotografias de Fernando Pessoa pertencentes aos herdeiros do poeta, alguns deles a ser objecto de digitalização, deverão ir a leilão em Outubro, em Lisboa, na galeria pela P4 Photography, escreve a agência Lusa.

A notícia do leilão deste espólio de Fernando Pessoa é esta segunda-feira avançada pelo jornal Público, alertando para a possibilidade de um dos documentos que se prevê alcançarem os valores mais elevados, o «dossier Pessoa-Crowley», ser vendido para fora do país.

O fundador e director da P4 Photography, Luís Trindade, disse que vai ser preparado, e posto à venda, «um catálogo especial» sobre o espólio do escritor. «Ainda não há uma data precisa, Outubro é uma previsão, mas gostávamos de fazer o leilão este ano por ser uma data especial, em que se comemoram os 120 anos do nascimento de Fernando Pessoa», explicou.

Sobre a possibilidade da saída do espólio para o estrangeiro, Luís Trindade observou que «há cada vez mais coleccionadores privados interessados neste tipo de aquisições», mas recordou que «o Estado português tem sempre o direito de opção de compra».

Parte deste espólio está actualmente a ser digitalizado por um grupo de investigadores estrangeiros, indicou Miguel Roza, sobrinho do poeta e também investigador da sua obra.

Poeta entre as 50 maiores personalidades europeias

Fernando Pessoa «arrematado» por 70 mil euros

«Foram os investigadores que nos sugeriram digitalizar tudo e colocar na Casa Fernando Pessoa para ser disponibilizado a quem estiver interessado em estudar estes documentos», disse, explicando que a família também ficará com cópias das obras digitalizadas.

A família detém um espólio disperso que inclui, por exemplo, cerca de trinta livros que foram pertença de Fernando Pessoa, alguns deles oferecidos por outros escritores da época, e que contêm dedicatórias.

Alguns dos manuscritos em inglês revelam facetas menos conhecidas de Pessoa. «Ele mostra aquele ar sempre muito sério nas fotografias, mas era uma pessoa com grande sentido de humor», recorda o sobrinho, que ainda se recorda da presença do tio em casa, a brincar com as crianças.

Miguel Roza desvaloriza a realização do leilão, e prefere sublinhar a importância da digitalização das obras «para assegurar que todos os documentos fiquem disponíveis, mesmo que os originais sejam vendidos».

Sobre o leilão, Miguel Roza recordou ainda o direito de opção do Estado português. «O ideal seria a aquisição vir da Biblioteca Nacional», entidade que detém também espólio do poeta à sua guarda.
Continue a ler esta notícia

Relacionados