Rei Ghob drogava jovens para ter sexo com eles - TVI

Rei Ghob drogava jovens para ter sexo com eles

Rapazes contam como acordavam na casa-castelo, sem se lembrarem de nada

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Francisco Leitão, conhecido por «Rei Ghob», que está a ser julgado por quatro crimes de homicídios em Torres Vedras, é suspeito de ter aliciado vários menores nas ruas de Peniche, oferecendo-lhes dinheiro e bebidas em troca de sexo.

Vários jovens interrogados pela Polícia Judiciária (PJ) em 2001 e 2002 revelaram que o arguido era um dos homens endinheirados, oriundos de diversas zonas do país, que circularam pela cidade de Peniche a aliciar jovens, fazendo-os entrar nas suas viaturas e levando-os para outros sítios com o intuito de manterem relações sexuais a troco de dinheiro.

Nos interrogatórios que fazem parte do processo dos homicídios, a que a agência Lusa teve acesso, um dos jovens explica que os alegados pedófilos abordavam os menores junto à rodoviária e a um supermercado da cidade, na sequência de contactos telefónicos previamente efectuados a combinar o encontro, chegando os jovens a ganhar 25 e 50 euros.

A investigação da PJ foi desencadeada por uma queixa por suspeita de abusos sexuais contra Francisco Leitão apresentada em 2002 por um jovem de 16 anos.

P.S. relatou que estava num bar em Peniche com amigos, a beber copos pagos pelo arguido, que o terá drogado e levado para sua casa, onde acordou no dia seguinte, deitado em cuecas e coberto por um lençol numa cama, sem se recordar de nada.

T.L contou à PJ que acedeu a um convite de Leitão para irem beber copos. Após recusar ter sexo com ele, pararam numa gasolineira, onde o arguido lhe comprou um café. Após bebê-lo, começou a sentir-me mal e a fechar os olhos, tendo acordado no dia seguinte em casa daquele.

O inquérito, à semelhança de um outro de 2006, foi arquivado por falta de provas e terá sido reaberto no âmbito de um processo de 2009, ao qual o Ministério Público veio a juntar várias denúncias e que está em segredo de justiça no Tribunal da Lourinhã, em que Leitão foi constituído arguido por suspeitas de abusos sexuais a pelo menos 20 menores.

Aquando da investigação dos quatro homicídios, crimes pelos quais está a ser julgado no Tribunal de Torres Vedras, a PJ veio a juntar mais queixas de abusos sexuais, uma das quais contra um dos sobrinhos.

Vários jovens, que em 2010 frequentavam a casa-castelo e que eram apelidados de «gnomos do rei Ghob», contaram também à PJ que o arguido os amedrontava com espíritos maus, dizendo-lhes que os perseguiam e que tinham de ser «injectados com energia positiva», sob a forma de relações sexuais a ter com o arguido, para se livrarem do mal.

L.P disse que foi vítima de «mais de 300 relações sexuais», ocorridas várias vezes ao dia, uma vez que anotavam numa folha para contabilizar os «pontos de energia» obtidos.

Nas buscas domiciliárias, foram encontrados fármacos que alegadamente Leitão usava para drogar os jovens, fazendo-os perder a consciência para os sujeitar a ter sexo.

A PJ encontrou quatro vídeos de práticas sexuais do arguido com adolescentes, um dos quais foi Ivo Delgado (que terá matado), que, segundo várias testemunhas, era vítima de maus-tratos pelo arguido quando alegadamente se recusava a ter relações sexuais, à semelhança de outros jovens que terão sido agredidos violentamente pelo mesmo motivo.
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