Foram apagadas imagens da cena do crime de Mamarrosa - TVI

Foram apagadas imagens da cena do crime de Mamarrosa

Engenheiro acusado de matar o ex-genro

Conclusão de dois peritos ouvidos em tribunal é unânime

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Dois ficheiros das filmagens feitas no local do crime da Mamarrosa foram apagados, segundo conclusão unânime dos peritos que esta sexta-feira esclareceram o Tribunal que julga António Ferreira da Silva, pelo homicídio qualificado de Cláudio Mendes.

Tanto o perito como os consultores técnicos, arrolados pela defesa e pela assistente, concordaram que existe um intervalo entre as duas filmagens de telemóvel que estão no processo, que corresponde a dois ficheiros de vídeo que foram apagados.

A única diferença foi que o consultor técnico concluiu que os ficheiros foram apagados na altura dos acontecimentos e o técnico indicado pela defesa não excluiu a possibilidade de ter havido posteriormente manipulação especializada do telemóvel, o que exigiria conhecimentos de programação informática.

O Tribunal optou por alterar a ordem de audição das testemunhas e ouvir de imediato Eliana Cacilda Carvalho Carlos, que filmou o crime, com o seu telemóvel.

Esta esclareceu que, após a morte do jovem advogado, as imagens foram visionadas no local na presença de dois agentes da GNR e o telemóvel foi na altura entregue à Polícia Judiciária.

Por sua iniciativa, foi levantar o aparelho à PJ, para o que assinou um documento, mas veio a ser informada por um irmão da vítima que aquela polícia de investigação necessitava novamente do aparelho. Voltou a entregá-lo, uma vez que tinha voo marcado de regresso à Suíça.

Eliana disse não ter ideia de ter apagado qualquer filmagem, estando mesmo convencida de que filmou em contínuo. Os peritos contrariaram ao dizer que existem dois ficheiros diferentes de filmagem e que entre eles foram apagados dois ficheiros de filme.

Antes de ouvir Eliana, o Tribunal havia assistido à projeção e análise das imagens captadas pelo seu telemóvel a 5 de fevereiro de 2011, quando Cláudio Mendes compareceu no parque da Mamarrosa para estar com a filha, conforme o regime de visitas decidido pelo Tribunal de Família.

Exibidas e repetidas em câmara lenta, as imagens mostram que o arguido inicia o movimento para sacar da arma mesmo antes de a vítima ter dado uma bofetada numa sua tia, facto que António Ferreira da Silva havia dito ter provocado a sua reação.

A projeção do filme em câmara lenta confirma que os disparos se iniciam após Cláudio Mendes fazer um movimento com o braço direito, que o arguido diz tê-lo convencido de que estava armado e ia disparar, enquanto Eliana assegura que apenas segurava um saco com pão rijo, para a criança dar aos patos.

Um dos aspetos enigmáticos, vincado pelo advogado José Ricardo Gonçalves, é a presença de um homem de elevada estatura, contactado pelo arguido para ir ao local, que se mantém «impávido e sereno», de mãos nos bolsos, ao contrário da esposa do arguido e da juíza, sua filha, que tentam travar Ferreira da Silva, quando este começa a balear Cláudio Mendes.
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