Actualizado às 13.00 horas
Os dois médicos que estavam acusados de má prática médica e homicídio por negligência durante um parto no Hospital Amadora-Sintra, em 2002, em que o bebé ficou com o crânio esmagado, foram absolvidos pelo juiz.
O caso remonta a 02 de Março de 2002 e refere-se ao nascimento de um bebé com recurso ao fórceps no Hospital Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), após 13 horas de um trabalho de parto.
O bebé ficou com o crânio esmagado em virtude da «má aplicação do fórceps», segundo concluiu uma investigação da Inspecção-Geral da Saúde (IGS).
Pais vão recorrer ao Tribunal Europeu
Os pais do bebé que morreu no parto no Hospital Amadora-Sintra em 2002 admitiram recorrer ao Tribunal Europeu para encontrar a «justiça» que dizem não ter sido feita.
Lino e Ana Gonçalves lamentaram a absolvição dos dois médicos, uma acusada da autoria material de um crime de intervenção médica com violação de «leges artis» (prática médica) e um outro acusado de homicídio negligente, e anunciaram que vão recorrer da decisão do juiz, que hoje absolveu os clínicos.
No final da leitura da sentença, o pai da criança disse ter agora a certeza de que «os médicos são uma classe protegida em Portugal» e que, por isso, estão dispostos a recorrer a instâncias europeias, se os recursos que vão iniciar não conduzirem à condenação dos clínicos.
«Talvez no Tribunal Europeu os médicos não sejam tão protegidos», disse Lino Gonçalves.
Os pais afirmaram que, apesar de terem solicitado uma indemnização, este nunca foi o principal objectivo do processo, mas sim afastar estes médicos do exercício da medicina.
«Só falta acusarem-me de matar o meu filho»
Ana Gonçalves lamentou a decisão do juiz e corroborou o que disseram em julgamento, ou seja, que pediu várias vezes uma cesariana, mas que esta sempre foi negada.
Na leitura da sentença, o juiz afirmou que não ficou provado que a médica agiu dolosamente ao recusar a cesariana e que a aplicação de fórceps pelo médico foi responsável pela morte da criança.
Para o advogado de acusação, o tribunal não levou em conta todos os relatórios proferidos por entidades como a Inspecção-Geral das Actividades de Saúde (IGAS) ou o Instituto de Medicina Legal.
«Apesar dos muitos exames e relatórios que foram apresentados, o juiz optou por atribuir o esmagamento da cabeça do bebé ao contacto com a bacia materna, como se esta fosse uma trituradora», disse António Pinto Pereira.
Ana Gonçalves disse mesmo que «só falta» acusarem-na de matar o próprio filho.
MP pediu absolvição
Após um mês de julgamento, que correu nos Juízos Criminais de Lisboa, o Ministério Público pediu, nas alegações finais, a absolvição dos dois médicos.
A procuradora do MP considerou não haver «fundamento da prática dos crimes» de que os médicos são acusados, posição hoje corroborada pelo juiz que absolveu os arguidos.
Médicos absolvidos de homicídio por negligência
- Redação
- SM
- 11 jun 2008, 11:04
Bebé ficou com o crânio esmagado no parto
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