Menores viviam em contentores - TVI

Menores viviam em contentores

(Arquivo)

27 crianças e jovens foram retirados de uma instituição de Gaia devido a falta de condições. Dormiam em pré-fabricados com mais de 20 anos. Camaratas tinham paredes, tectos e instalações sanitárias degradados Bebé abandonada em casa com fome Por dia há 62 crianças em risco

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A segurança social retirou esta manhã 27 crianças que viviam na Casa da Sagrada Família, em S. Félix da Marinha, Vila Nova de Gaia, uma instituição privada que recebia menores através de protocolos, devido a falta de condições das infraestruturas. Segundo o que o PortugalDiário apurou, os menores dormiam em contentores pré-fabricados degradados.

Além de serem de reduzidas dimensões, foram construídos há mais de 20 anos, e estão em situação de precariedade geral: paredes, tectos e instalações sanitárias degradados. Perante este cenário, a segurança social considerou que a segurança, saúde e conforto das crianças estava em perigo e decidiu retirá-las.

Por dia há 62 crianças em risco

«As instalações estão muito degradadas. As crianças viviam em pré-fabricados com muitos anos de existência», confirmou também ao PortugalDiário Guilherme Aguiar, vereador da Acção Social da Câmara de Gaia, que explicou que «a instituição não foi encerrada, apenas deixou de servir para acolher crianças em risco».

Guilherme Aguiar adiantou que «as crianças foram colocadas noutras instituições geograficamente próximas, para não as desenraizar da comunidade em que viveram toda a vida». O responsável explicou ainda que «a maioria destes jovens nasceu mesmo na instituição», já que a Casa da Sagrada Família acolhia também mães solteiras.

O vereador concorda com a decisão da Segurança Social, mas diz que «se houvesse condições esta era uma boa instituição. Os próprios jovens gostavam de lá estar». Por isso, a autarquia está disposta a colaborar para arranjar uma solução e reconverter as instalações, «eventualmente no âmbito de uma candidatura ao Programa PARES (Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais)».

Contactada pelo PortugalDiário a responsável da instituição recusou-se a fazer comentários sobre a retirada das crianças, mas fontes próximas disseram ao PortugalDiário que as freiras estão «muito tristes com a situação».

Problemas de integração

Guilherme Aguiar, que conhece bem a Casa da Sagrada Família, diz que «esta é uma instituição muito fechada à comunidade, o que levantava alguns problemas de integração dos jovens na comunidade; eles nem sequer podiam almoçar nas escolas».

«Alguns deles, sobretudo as raparigas, queixavam-se das regras demasiado rígidas da mãezinha (a madre que dirige o centro), mas com o tempo, as coisas estavam a mudar», adiantou o responsável que reconhece, porém, «que estas instituições precisam, por vezes, de um regime quase militar para sobreviver. De outra forma é difícil impor disciplina».

«Tenho pena das crianças

Em S. Félix da Marinha todos conhecem a instituição, mas nada sabem acerca das más condições em que as crianças viviam. «Eles ali eram muito bem tratados. Vi-os passar para a escola, sempre muito limpinhos e arranjados», disse ao PortugalDiário Bernardino Oliveira, proprietário de um café localizado mesmo ao lado da Casa da Sagrada Família.

A mesma opinião tinham vários vizinhos que garantiram ao PortugalDiário que «as crianças adoravam a mãezinha e ela tinha-lhes muito amor. Tenho pena delas por terem de ir embora», disse, ao ver passar as carrinhas com os menores.

Contudo, apenas um dos vizinhos que o PortugalDiário contactou tinha visto a instituição por dentro. «Fui lá no dia da inauguração e estava tudo muito limpinho», disse uma vizinha, que preferiu não ser identificada. Adiantou ainda que «os pré-fabricados tinham boas condições», mas depois de reflectir explicou que, essa visita ocorreu «há mais de 20 anos».

Mesmo assim, estranham que haja falta de condições, até porque constantemente vêem os camiões com donativos de comida e roupa.

Guilherme Aguiar explicou que, «além do protocolo com a segurança social, a instituição recebia apoios de juntas de freguesia, empresas e particulares.
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