Meninos <i>ricos</i> e em perigo - TVI

Meninos <i>ricos</i> e em perigo

Andam em colégios mas evidenciam sinais de negligência e são testemunhas de violência doméstica. Comissão de Protecção de Crianças do Porto acompanha seis casos destes. PDiário passou um dia na Comissão.Veja o vídeo

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Bernardo, vamos chamar-lhe assim, é um menino de classe média alta. Reside num apartamento bonito, frequenta um colégio, tem computador em casa e tudo o que o dinheiro consegue proporcionar. Mas é uma criança em perigo e o seu caso está a ser acompanhado pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) da zona Porto Oriental.

O alerta partiu do próprio colégio. «O pai é advogado e a mãe professora. A criança evidenciava sinais de negligência, visíveis até na ausência de cuidados de higiene», relata ao PortugalDiário a presidente da CPCJ Porto Oriental, Joana Trigó de Sousa. A situação motivou uma medida de acompanhamento junto dos pais, por um período de 18 meses.

Entre as centenas de casos acompanhados naquela comissão, Joana recorda, pelo menos, mais cinco situações envolvendo meninos oriundos de classes média e média-alta. Todas as situações são recentes.

«Estas pessoas sentem-se muito mais invadidas na sua privacidade»

A negligência é um traço comum aos seis casos. «São crianças abandonadas em casa, relegadas aos seus brinquedos». A violência doméstica é também um denominador comum: por regra estes menores são testemunhas e, só ocasionalmente, vítimas. A presidente da CPCJ recorda a história de um casal separado que se agredia fisicamente na hora de entregar o menor ao outro. Um dos tristes episódios ocorreu à porta do colégio. A situação foi comunicada à CPCJ.

Todos os casos suscitaram medidas de apoio junto dos pais. «A tarefa consiste, basicamente, em restabelecer rotinas e levar os pais a passarem mais tempo com os filhos», explica a técnica social.

Verifica-se nos últimos anos uma tendência para o aumento de situações de risco envolvendo menores de meios abastados. Joana avança uma possível justificação: «Actualmente todas as situações de violência doméstica reportadas à polícia, em agregados com menores, têm forçosamente de ser comunicadas às comissões».

A intervenção das CPCJs em agregados mais abastados é ainda mais complicada «porque estas pessoas sentem-se muito mais invadidas na sua privacidade».



Leia a continuação deste artigo: «Até já fui às compras com uma mãe».

O PortugalDiário passou um dia na Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Veja o vídeo
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