PJ equipada com carrinhas «CSI» - TVI

PJ equipada com carrinhas «CSI»

Apresentação de viaturas Cena do Crime

Especialistas de recolha de vestígios mostram como é feito o seu trabalho no mundo dos crimes reais

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É um fiel seguidor de séries de investigação criminal? Pois saiba, então, que entre a ficção televisiva de «CSI» ou de «Dexter» e a equipa Local do Crime da Polícia Judiciária (PJ) não há uma diferença tão acentuada como se possa pensar. Pelo menos no que diz respeito ao material utilizado. Esta sexta-feira, foram apresentadas as novas viaturas de recolha de vestígios. São laboratórios de quatro rodas, preparados para ajudar os especialistas a encontrar tudo o que um criminoso deixe para trás.

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Antes de serem apresentadas oito das 12 novas carrinhas – uma por cada departamento da PJ do país –, o ministro da Justiça entregou os diplomas dos últimos especialistas em recolha de vestígios formados na Escola da PJ, em Loures. Alberto Costa congratulou-se com o aumento de «potencial de esclarecimento de crimes» e as novas competências ao dispor da polícia. Em breve, serão 80 os técnicos. Para já, estão prontos para sair para o terreno 58.

Laboratório ambulante

Dentro das carrinhas brancas, a arrumação é meticulosa, tal como este trabalho exige. E na restrição espacial há espaço para um verdadeiro laboratório. «Todas as viaturas vão estar com material completo para o local do crime, fatos descartáveis de protecção, marcadores de vários tipos, kit de detecção e limpeza, kit fotográfico, câmara de filmar, lanternas, electrostáticos para recolha de pegadas, fita, lâmpada forense, frigorífico, mala de lofoscopia, biologia, balística, física, de vestígios, reagentes…», explica com detalhe Nelson Sousa, perito e formador do sector Local do Crime, formador.

Fora do veículo, há uma bancada com todo o material exposto (parece muito mais do lado de fora). As malas abertas exibem desde um vernáculo coador a material de características indecifráveis, para um leigo no mundo da ciência criminal. A combinação de tudo isto com as competências dos especialistas resulta numa espécie de ilusionismo. Mas aqui, ao contrário do circo, não se trata de fazer desaparecer pessoas atrás de uma cortina de fumo, mas de revelar os seus rastos invisíveis.

Episódio «CSI» em tempo real

Apresentados os ingredientes, uma equipa de especialistas decidiu mostrar como fazem sentido num local de crime. Uma sala da escola da PJ serve de cenário. Um boneco com uma ferida na cabeça e uma arma na mão direita faz as vezes de vítima. Porém, do aparente suicídio emergem um conjunto de sinais indiciadores que nem tudo é o que parece.

Uma equipa de dois especialistas, sob o olhar atento de Alberto Costa e o resto da comitiva, submete o local a um escrutínio apertado, quase como se de um interrogatório se tratasse. A luz acende-se para uns testes e apaga-se para outros, em que dá lugar aos lasers definidores da trajectória da bala, ou a luzes de temperatura especial, que revelam aos olhos dos investigadores o que as lâmpadas incandescentes escondem. Recolhem-se pegadas através de uma folha sujeita um estímulo eléctrico, aplicam-se reagentes. Descobrem-se cabelos e investiga-se o local do impacto de um projéctil. O puzzle completa-se.

Fernando Viegas, responsável pelo sector Local do Crime, explica que o material usado é «quase 100 por cento semelhante àquele que se vê em programas como CSI». Mas nem tudo o que a televisão mostra em algumas dezenas de minutos acontece da mesma forma no mundo real. «Nesses filmes os especialistas fazem tudo. São peritos, são cientistas, são polícias. Isso não existe em lado nenhum. Só na televisão», aponta. Até porque, explica, se o trabalho de paciência que os técnicos necessitam passasse em tempo real no pequeno ecrã faria o telespectador perder a sua.
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