Afinal, também há cavalo por vaca em Portugal

Demorou, mas foi. Ao fim de três meses dos primeiros indícios terem sido detetados na Irlanda e um mês depois do escândalo ter rebentado na Europa, Portugal descobriu os primeiros vestígios de carne de cavalo em alimentos comercializados como contendo carne de vaca. Em causa, as lasanhas da Nestlé, que segundo a marca, só eram vendidas aos restaurantes.

As lasanhas em causa não terão chegado aos supermercados, informa a Nestlé, e como tal o consumidor não corre o risco de ter cavalo por vaca no seu congelador, o que não quer dizer que não tenha sido vítima da fraude que está a agitar a Europa. As lasanhas foram vendidas aos restaurantes e apesar da Associação da Hotelaria Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) já ter garantido que desconhece a existência das lasanhas nos restaurantes nacionais, o certo é que a ASAE já tirou o produto do mercado.

Apesar da contradição entre autoridade e associação, ambas concordam num ponto: "comer em Portugal é seguro", até porque as autoridades sanitárias portuguesas e europeias garantem que estes produtos que contêm carne de cavalo não representam qualquer risco para a saúde humana.

No mesmo dia em que Nestlé Portugal confirma a existência de carne de cavalo em Portugal, a marca adianta também que retirou do mercado italiano e espanhol os seus produtos de massas com carne vendidos em lojas e supermercados, depois de ter descoberto vestígios de ADN de cavalo superiores a 1%. Em Portugal, não estão à venda, garante a marca.

O escândalo da carne de cavalo por vaca já motivou vários inquéritos e a intervenção da União Europeia. Em França, o governo pediu uma reunião com a indústria para exigir explicações. No Reino Unido, onde o caso começou a tomar dimensão, um dos relatórios pedido pelo Parlamento dava conta de que a dimensão da fraude seria maior do que se pensava. Aqui, pelo menos três cidadãos foram já detidos.

A dimensão do problema em Portugal está ainda por avaliar. A ASAE informou que está a efetuar análises aos alimentos e que encontrou alguns casos, mas não especifica mais informação, nomeadamente se a lasanha da Nestlé é o único produto com resultados positivos para carne de cavalo.

«Em resultado da vigilância do mercado e das análises realizadas pela ASAE, foram detetadas situações pontuais de vestígios de carne de cavalo em preparados de carne e produtos à base de carne, que foram apreendidos e retirados, de imediato, do mercado», consta no comunicado divulgado, esta terça-feira, depois da Nestlé ter confirmado a existência de ADN de carne de cavalo nos seus produtos.

Quando a fraude já tinha sido detetada vários países europeus, o Governo reafirmou que não existiam casos em Portugal e que a fiscalização estava a decorrer sem que fossem encontrados vestígios.

Os primeiros indícios de carne de cavalo em embalagens de carne de vaca foram detetados em Novembro na Irlanda e revelaram também que em muitos casos existia também carne de porco em vez de carne de vaca. As análises pedidas na altura só foram conhecidas a 15 de janeiro, época em que o escândalo rebentou e o Reino Unido começou a verificar os seus produtos.

Até agora, pelo menos 14 países, incluindo Portugal, já detetaram carne de cavaco por vaca à venda.