Avós «adolescentes»: Isabel tem 44 anos e já conta 5 netos - TVI

Avós «adolescentes»: Isabel tem 44 anos e já conta 5 netos

Conheça aqui a o outro filho de Isabel: o Moinho da Juventude

Com três letras se escreve a palavra mãe. Com três letras se escreve a palavra avó. São precisas seis letras para escrever Isabel. Isabel, 44 anos, é tudo isso: quatro vezes mãe, cinco vezes avó.

Numa altura em que tanto se fala de mães depois dos 40 anos e de atrasar o relógio biológico das mulheres, Isabel Monteiro acelerou no tempo. Não foi criança, não teve tempo de ser adolescente. A mais velha de nove irmãos cresceu depressa de mais. Arrepende-se de algumas coisas, «mas não de todas».

Ao entrar na sala da creche onde Isabel Monteiro trabalha, os olhos procuram a mulher-avó, mas rapidamente se desenganam. À minha frente está uma mulher bonita e de sorriso largo, sem uma ruga que se veja. Sem marcas de uma vida «cheia», mas «complicada». O melhor creme antirrugas é ser «otimista» por natureza.

«Com 15 anos já estava na minha casa». A primeira filha até chegou tarde para o companheiro. Como «não fiquei logo grávida, já lhe fazia confusão» e pensava que «algo estava errado comigo». Mas não estava: «a 11 de outubro fiz 17 anos e a minha filha nasceu a 21 de outubro». A partir daqui foi sempre a somar. São precisos quase todos os dedos das mãos para contar os herdeiros de Isabel. Os filhos têm 27, 25, 21 e 15 anos, «todas raparigas»; tem dois netos de sete anos, dois de três e um bebé de nove meses.

Mas, alto, coloquemos um travão, já vamos aos netos. Primeiro as filhas, que chegaram cedo e sem romantismo. Isabel Monteiro «juntou-se» com um homem 19 anos mais velho para fugir de uma vida familiar dura, com um pai alcoólico. «Foi mais um refúgio, não foi assim um amor». Conta que «lia nas revistas» e «via as novelas» e «não achava que a sua vida fosse aquilo». A menina-mulher «pensava muito nos contos de fadas». E acrescenta: «Pensei que estava a fugir de uma coisa, mas continuei presa».

A relação durou oito anos e terminou de uma forma «muito brusca», com o pai das filhas a «tentar matá-la». Aos 23 anos, Isabel teve a coragem de sair de casa com as três crianças, a mais nova tinha apenas sete meses. «Quando me separei foi um libertar para a juventude».

«Não me arrependo de ter tido as minhas filhas, porque foram as minhas filhas que me ajudaram a ultrapassar aquelas situações todas». Isabel não baixou os braços. Com três crianças, conseguiu estudar à noite até ao 12º ano, ganhar a independência arranjando uma casa sua e continuando o seu trabalho no Moinho da Juventude, a associação cultural da Cova da Moura. Pelos 30 chegou a quarta filha, uma surpresa «depois de ter tirado uma trompa», fruto de uma nova relação.

Mas, na vida de Isabel ainda estavam reservadas outras surpresas. As filhas foram mães aos 18, 19 e 20 anos. «Dizia-lhes sempre estudem, não tenham filhos cedo, porque se tiverem filhos cedo vão perder a vossa juventude». A mãe «bateu muito na mesma tecla, mas não resultou muito». O assunto é sério, mas Isabel diz isto com um sorriso e remata com humor: «Já cheguei à conclusão que isto é uma coisa hereditária!».

Na altura, ficou em «choque», mas graças a esses «descuidos», pode envaidecer-se quando a elogiam. «Quando eu digo às pessoas que já sou avó e tenho 44 anos, as pessoas dizem 'não pode, você não pode ter 44 anos'».

Isabel Monteiro «joga com os netos à bola». E os olhos abrem-se mais quando diz: «Muitas vezes não me sinto como uma avó, sinto-me como se fosse mãe deles. Muitas vezes eles chamam-me mãe e isso é normal», já que só a filha mais velha é que saiu de casa.

Para o dia da mãe, Isabel «está à espera que as filhas a surpreendam outra vez. As minhas surpreendem-me sempre», num dia a dobrar: «É um dia da mãe e um dia da avó, tenho essa vantagem!».

Mãe e avó a cem por cento, falta-lhe tempo para ser mulher. «A minha vida amorosa não está realizada. Ainda penso se um dia aparece um príncipe encantado, ainda tenho essa coisa como quando tinha 15 ou 16 anos, que um dia há-de aparecer uma pessoa que o meu coração dá um pulo».
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