Carne de cavalo: «Desde que esteja em Portugal, vamos encontrar»

O inspetor-geral da ASAE revelou, em entrevista à TVI24, que a operação de recolha de amostras de carne vai continuar esta quarta-feira em todo o país, com «20 ou 30» brigadas, admitindo que sejam apreendidas «mais 79 toneladas».

«Amanhã vamos estar a colher amostras em todas grandes superfícies. Mesmo os produtos em armazém, vamos buscá-los para serem devidamente analisados. Desde que esteja em Portugal, vamos encontrar a carne de cavalo, apreendê-la e fazer análises», afirmou António Nunes.

O responsável admitiu, no entanto, que espera um «abrandamento» das deteções de carne de cavalo. «Mais um dia ou dois e vamos ter dificuldade em encontrá-la no mercado», disse, explicando que os próprios operadores económicos estão a fazer testes e a retirar produtos antes da ASAE chegar.

António Nunes acredita que, devido à «desconfiança dos consumidores», os produtos à base de carne vão ter dificuldade em ser vendidos até ser «restabelecida» essa confiança. Ainda assim, o inspetor-geral recorda que a carne de cavalo é «perfeitamente consumível». Vender carne de cavalo como se fosse carne de vaca é um «crime é economico», de fraude sobre mercadorias, «e não constitui um perigo para a saúde pública».

O responsável da ASAE alertou que a carne de cavalo está a ser introduzida numa «elevada extensão» no mercado português. «Fomos todos um pouco apanhados de surpresa pela dimensão» da fraude. «Trata-se de uma prática comum e não esporádica em muitos dos fornecedores», acrescentou.

António Nunes não revelou as marcas nas quais foi detetada a carne de cavalo, mas precisou que «praticamente todas as grandes superfícies» receberam a visita da ASAE. Nos produtos já prontos para fornecer aos consumidores, algumas amostras revelaram uma «elevada quantidade» de carne de cavalo e outras apenas «com vestígios».

Para o inspetor, é cedo para concluir que se trata de uma operação de contrabando. «Não sabemos se a introdução desta carne é legal ou ilegal», afirmou, acrescentando que, «provavelmente», esta carne chega da Europa de Leste.