Vendem-se menos genéricos nas farmácias - TVI

Vendem-se menos genéricos nas farmácias

Medicamentos

Obrigatoriedade da prescrição das receitas por princípio ativo não fez aumentar quota

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A Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (APOGEN) afirmou esta sexta-feira que a prescrição pelo princípio ativo, em vigor desde junho, não fez aumentar o mercado de genéricos, verificando-se mesmo uma «perda de unidades vendidas aos utentes» relativamente a maio, noticia a agência Lusa.

A APOGEN fez a avaliação dos dados de mercado relativos ao primeiro mês da aplicação da prescrição por princípio ativo - Denominação Comum Internacional (DCI) - e verificou que «esta medida não produziu um aumento na dispensa de medicamentos genéricos em Portugal».

«Pelo contrário, verificou-se uma perda das unidades vendidas aos utentes de -3,53 por cento (%) face ao mês de maio (antes da implementação da DCI). Mais significativa ainda foi a pronunciada redução da compra de medicamentos genéricos pelas farmácias (-5,93%)», afirma a associação em comunicado.

Segundo a APOGEN, a quota em embalagens de medicamentos genéricos manteve-se praticamente inalterada, tendo variado de 24,51% em maio para 25,45% em junho do corrente ano.

Estes números contrariam os dados avançados na quarta-feira, no Parlamento, pelo vice-presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), Paulo Duarte, que referiu que a quota de mercado dos genéricos tinha atingido os 60,1% em junho.

Estes números foram contestados na quinta-feira pela associação que representa a indústria farmacêutica (Apifarma), indicando que a quota de mercado dos medicamentos genéricos é de apenas 31,1%.

Contudo, dados da ANF precisam que é a quota de mercado dos medicamentos genéricos com grupo homogéneo (um conjunto de medicamentos, originais e genéricos, bioequivalentes entre si) que ultrapassou os 60% em junho, enquanto a quota no mercado total de medicamentos se situava em 25,8% nesse mês.

Contactado pela agência Lusa, Paulo Duarte afirmou que «os dados da ANF refletem a realidade do mercado».

«O que nós dissemos está tecnicamente correto e está confirmado não só pelos nossos dados, como pelos dados que têm vindo a ser publicados pelas outras entidades. Portanto, não vamos alimentar cortinas de fumo sobre uma medida que está a correr bem e está a ter o impacto que toda a gente esperava que é permitir o acesso a medicamentos mais baratos», sublinhou.

No comunicado, a APOGEN refere que, embora em Junho todo o mercado farmacêutico tenha registado uma variação negativa face ao mês anterior, os dados mais preocupantes são os que resultam da análise das vendas dos genéricos, que perderam em valor 10,83% de um mês para o outro.

A associação alerta que «medidas diretas, ou que induzam a redução excessiva de preços, como as que têm sofrido os medicamentos genéricos nos últimos dois anos, acabarão por ter um efeito perverso e contrário ao objetivo político perseguido de aumentar a quota de genéricos em Portugal, como forma de aumentar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde». «A substituição de medicamentos genéricos por outros genéricos não aumenta a sua quota», sustenta.
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