O antigo primeiro-ministro José Sócrates reiterou esta segunda-feira que a acusação da Operação Marquês é “monstruosa, injusta e completamente absurda”, e que mantém o mesmo espírito do primeiro dia de interrogatório na fase de instrução do processo.
Venho para este interrogatório com o mesmo espírito do primeiro dia, que é com vontade de repor a verdade e para que não fique desta acusação pedra sobre pedra”, disse aos jornalistas à chegada ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde, pelo quinto dia, continua a responder às perguntas do juiz Ivo Rosa.
O ex-governante e líder do Partido Socialista insistiu também em classificar a acusação da Operação Marquês, na qual está acusado de 31 crimes económico-financeiros, entre os quais corrupção passiva, como “monstruosa, injusta e completamente absurda”.
Segundo fontes ligadas ao processo, Sócrates deverá hoje ser confrontado com os diversos empréstimos de dinheiro vivo que recebeu do seu amigo e também arguido Carlos Santos Silva, assim como sobre as transações de dinheiro, nomeadamente através de malas transportadas pelo seu antigo motorista e arguido neste caso, João Perna, para alegadamente manter o seu estilo de vida, após sair do Governo.
O juiz Ivo Rosa tinha agendado quatro dias da semana para interrogar o ex-primeiro ministro, mas as cerca de cinco horas diárias não foram suficientes para esgotar toda a matéria que consta da acusação do processo.
Sócrates, que esteve preso preventivamente e em prisão domiciliária, foi acusado pelo Ministério Público da alegada prática de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 crimes de branqueamento de capitais, nove crimes de falsificação de documento e três crimes de fraude fiscal qualificada, no âmbito da Operação Marquês.
A fase de instrução, que é facultativa e funciona como um mecanismo de controlo jurisdicional da acusação do Ministério Público, conclui-se com a decisão do juiz de levar ou não a julgamento os arguidos e os termos em que isso acontece.