Manuais escolares têm erros sobre religião - TVI

Manuais escolares têm erros sobre religião

  • Portugal Diário
  • 16 mar 2007, 18:32

Representante da comunidade israelita propõe grupo para correcção

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A maioria dos manuais escolares de História, Português e Formação Cívica estão repletos de erros, omissões e estereótipos sobre as religiões, sobretudo o judaísmo, indica um estudo divulgado esta sexta-feira pela vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa. A notícia foi avançada pela agência Lusa.

«O Judaísmo é a religião mais maltratada nos manuais escolares», disse a vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, Esther Mucznik, autora de um estudo acerca de 80 livros daquelas três disciplinas do quinto ao 12º ano de escolaridade.

O estudo, que Esther Mucznik considerou «não académico», foi apresentado hoje em Lisboa no colóquio «A religião fora dos templos» e aponta para a falta de seriedade, profundidade e rigor na abordagem das questões religiosas nos manuais escolares.

O Cristianismo é «praticamente» a única religião «reconhecida» nos manuais escolares, mas a sua imagem e apresentação é «não apenas insuficiente, como também eivada de erros e simplificações que revelam ignorância dos próprios autores dos manuais e induzem os alunos em erro».

Esther Mucznik destacou como exemplos de incorrecções as referências a Jesus como tendo nascido na Palestina e não na Judeia e ao Cristianismo como primeira religião monoteísta, quando o Judaísmo já admitia um só Deus.

Para a autora, os manuais «veiculam frequentemente os estereótipos mais básicos do anti-Judaísmo medieval», «ignoram a presença judaica em Portugal ao longo de séculos» e «cedem à tentação de estabelecer comparações abusivas entre as vítimas judaicas, da Inquisição e sobretudo do Holocausto, e os palestinianos de hoje».

«A imagem do Judaísmo que emerge da análise dos manuais escolares consultados é essencialmente negativa: uma religião «fanática» e «intolerante», um povo de «proverbial apego ao dinheiro», que edificou um país que «há meio século fomenta a violência», sintetiza Esther Mucznik.

A representante da comunidade israelita na Comissão da Liberdade Religiosa considerou «escandalosa a promiscuidade com o conflito israelo-palestiniano» manifesta nos manuais.

A autora detectou incorrecções também nas referências ao Islão, nomeadamente «confusões» entre termos, como «árabe», «muçulmano» e «islamita», e como «integrismo» e «fundamentalismo».

Para corrigir estes erros, a autora sugeriu a criação de um grupo de trabalho independente no Ministério da Educação, que inclua especialistas em ciências religiosas, teólogos ou representantes das diversas tradições religiosas e elementos do ministério.

O deputado socialista Vera Jardim, outro dos participantes no colóquio, manifestou-se «totalmente» contra a criação de novas disciplinas sobre religiões, porque, em sua opinião, «nunca seriam neutras».
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