Casa Pia: «Bibi» pediu para falar outra vez - TVI

Casa Pia: «Bibi» pediu para falar outra vez

Casa Pia - Foto de Manuel de Almeida/Lusa [arquivo]

Julgamento poderá levar outro rumo, pois foram interrompidas as alegações do procurador do MP

ACTUALIZADO ÀS 14h09

Carlos Silvino («Bibi») pediu para voltar a depor em julgamento e voltou a dirigir-se ao tribunal durante 45 minutos, esta quarta-feira de manhã, em Monsanto.

Após o pedido de Carlos Silvino, a juíza questionou o procurador do Ministério Público (MP), que aceitou interromper as suas alegações. Até porque o próximo capítulo que vai abordar se relaciona directamente com Manuel Abrantes e Carlos Silvino. A juíza determinou então a suspensão das alegações, pelo tempo estritamente necessário, para dar a palavra a Carlos Silvino.

Esta interrupção não é habitual, mas pode acontecer. Os arguidos podem falar sempre que o requererem em audiência de julgamento, mesmo durante as alegações finais. O pedido de «Bibi» terá sido uma resposta ao repto lançado pelo MP para falar com clareza sobre o ex-provedor-adjunto da Casa Pia Manuel Abrantes.

Recorde-se que, durante as alegações de terça-feira, João Aibéo falou dos arguidos, dedicando especial atenção a Bibi. «Lamento que Carlos Silvino não queira ir mais longe do que aquilo que eu estou convencido que ele sabe», afirmou.

«O sr. Abrantes»

Apesar de Carlos Silvino já ter incriminado, no início do julgamento, «todos os outros arguidos», dizendo «somos todos culpados e o que os rapazes dizem é verdade», o MP considerou que a sua «confissão não foi integral e sem reservas», por ter sempre evitado referências ao ex-provedor-adjunto Manuel Abrantes.

Já esta quarta-feira «Bibi» voltou a reafirmar em tribunal que «são todos culpados» e que «os miúdos estão a falar a verdade». «Quando dizem que o sr. Abrantes estava em Elvas é porque estava».

Curiosamente, Manuel Abrantes não esteve presente durante a maior parte da manhã, porque tinha pedido «escusa» à juíza, por motivos «particulares». Ana Peres entendeu que a sua «presença não era imprescindível», já que a audiência estava a ser gravada e ele podia ouvir depois.

Também o seu advogado, Paulo Sá e Cunha, está ausente do país, mas a magistrada determinou que este poderá fazer a sua «contra-instância» às declarações de Silvino quando regressar.

Sobre o facto de falar pouco em Manuel Abrantes, «Bibi» reconheceu que «era muito amigo» dele e «da sua mulher». Confessou ainda que chama «pai» ao pai da mulher de Abrantes.

Silvino voltou a referir que «deu boleia» a um jovem em duas ocasiões para este se encontrar com «um sr. Abrantes», mas, desta feita, assumiu que o rapaz, testemunha no processo, se estava a referir ao ex-provedor-adjunto.

Reconheceu ainda que, «antes do processo começar», outra das testemunhas lhe relatou «ter tido problemas sexuais com o sr. Abrantes, nas caves da Casa Pia de Lisboa». Pensou, na altura, que ele estaria a mentir, mas agora «sabe que era verdade».

Os crimes de Silvino

O MP retomou esta manhã a contabilidades dos factos incriminatórios contra «Bibi», mas só acrescentou os «crimes imputados a Silvino» de mais uma testemunha.

Até agora, e referindo-se apenas a nove das 32 testemunhas, João Aibéo deu 65 crimes como provados e 378 como não provados (pedindo a sua absolvição destes). Estas testemunhas «imputavam», ao todo, 444 crimes a Carlos Silvino.

A audição de «Bibi» terminou ao final da manhã e, após o intervalo de almoço, o MP vai retomar as suas alegações finais. Não é de prever que João Aibéo consiga, devido ao contratempo desta quarta-feira, terminar tudo hoje.
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