Médico julgado por laqueação de trompas sem consentimento - TVI

Médico julgado por laqueação de trompas sem consentimento

Operação - [arquivo]

Raul Nogueira garante que a paciente o autorizou, mas Maria Ferreira nega

O médico que começou a ser julgado esta quinta-feira por alegadamente ter efectuado a laqueação das trompas de uma mulher sem o seu consentimento, defendeu-se em tribunal dizendo que informou a paciente e obteve o seu acordo verbal, noticia a Lusa.

«Eu falei com a senhora e expliquei-lhe a situação claramente», referiu Raul Nogueira, antigo chefe de serviço de obstetrícia na Maternidade Júlio Dinis, acrescentando que a paciente «entendeu muito bem».

O médico, agora reformado, está a ser julgado pelo Tribunal de São João Novo pelo crime de ofensa à integridade física grave por, durante uma cesariana em Outubro de 2001, ter laqueado as trompas de Falópio de Maria Ferreira sem a autorização da paciente.

O arguido contou que durante a cesariana constatou que o útero da parturiente «rompeu irregularmente» com o nascimento da criança, ficando «fragilizado» e correndo «risco de ruptura elevado» numa gravidez posterior.

O médico garantiu ter explicado à paciente, que se encontrava «consciente», que devia «fazer a laqueação das trompas para não poder ter mais filhos», obtendo desta resposta afirmativa: «A senhora disse-me se é como diz então é melhor fazer

«Nada me foi dito», alegou a parturiente

Durante a primeira sessão, o tribunal também ouviu Maria Ferreira, que negou ter tido qualquer informação, por parte do médico, enquanto estava a ser submetida à cesariana. «Nada me foi dito», alegou a parturiente.

A demandante do processo referiu não se recordar de grande parte do procedimento, mas ter «a certeza» de que não autorizou a laqueação das trompas de Falópio, até porque «queria mais filhos».

Durante a intervenção cirúrgica, Raul Nogueira terá ainda laqueado inadvertidamente os ureteres da paciente, levando a que deixasse de urinar e a ser internada no Hospital de São João, Porto, com uma infecção generalizada e insuficiência renal. A lesão no sistema urinário não foi detectada na Maternidade Júlio Dinis, que acabou por dar alta à paciente.

O julgamento prossegue no dia 23 de Abril, pelas 09h30, na terceira vara do Tribunal de São João Novo.
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