Seabra estava «muito calmo» antes e depois do crime - TVI

Seabra estava «muito calmo» antes e depois do crime

Renato Seabra em tribunal [RICARDO DURÃES/LUSA]

Segundo testemunhas hoje em tribunal

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Renato Seabra estava «muito calmo» depois do homicídio de Carlos Castro, em Nova Iorque, e havia «tensão» entre ambos, horas antes do crime de que o jovem português é acusado, disseram hoje testemunhas.

O Supremo Tribunal de Nova Iorque ouviu hoje, pelo segundo e último dia, uma testemunha chave para a acusação, Vanda Pires, que acompanhou Carlos Castro, seu amigo, e Seabra em vários passeios durante a estada de ambos em Nova Iorque, desde 29 de dezembro de 2010, e que viria a culminar no homicídio do Intercontinental Hotel, de 07 de janeiro de 2011.

Pressionada pelo advogado de defesa, David Touger, que alega insanidade do jovem no momento do crime, Pires disse que Renato Seabra estava «calmo, muito calmo», quando o encontrou no «lobby» do hotel e lhe disse que Castro não iria «descer mais do quarto».

Inicialmente Seabra parece «chocado» por ver Vanda Pires, como se fosse a «última pessoa que esperava ver» ao encaminhar-se para a porta do hotel, vestido de fato e gravata, disse a testemunha.

Durante a curta interação entre ambos, sobre o paradeiro de Castro, o olhar de Seabra era «normal, de uma pessoa normal».

Pires acorreu ao hotel depois de fazer dezenas de chamadas não atendidas para o telemóvel de Castro, que lhe tinha relatado, numa conversa na manhã de dia 07, que tinha passado a madrugada a discutir com Seabra, que o insultou, mas sem violência.

Castro «disse que [Seabra, durante a discussão,] se mostrou uma pessoa diferente, com uma personalidade dupla, que já não era gay», relatou Pires.

A acusação sustenta que foi «raiva, desilusão e frustração» a levar Renato Seabra a matar o colunista social, sentimentos que considera diretamente ligados ao fim da relação.

A defesa sustenta que foi uma doença mental a levar ao crime, após o qual o jovem se passeou pelas ruas da cidade num estado de alucinação, tocando nas pessoas.

O tribunal ouviu também, esta manhã, a empregada de hotel que serviu o pequeno-almoço a Castro e Seabra várias vezes durante a estada, e também na manhã do dia do crime.

Enquanto nas primeiras vezes que serviu ambos, Castro se mostrava «sorridente e conversador» e Seabra, «simpático, muito calmo, sem falar muito», na manhã do dia 07 de janeiro, havia «tensão» entre os dois, que se mantiveram em silêncio durante 25 minutos.

A acusação exibiu hoje, em toda a sua duração, o vídeo do pequeno-almoço, obtido da videovigilância do hotel, que mostra ambos a comer frente a frente, em interação.

No dia do crime, relatou a empregada Lauren Cohen-Fiszman, ambos estavam cabisbaixos, quietos, sem interagirem ou sequer falarem.

«Havia tensão, algo não estava igual», disse a testemunha, quando questionada pelo advogado de defesa.

Os jurados ouviram também a empregada que limpou o quarto que ambos partilhavam cerca das 13:00 do dia 07, e que terá sido a última pessoa a ver Carlos Castro em vida, junto à janela, a ver neve a cair nas ruas.

Hoje deverá ainda ser ouvido o taxista que, ao final da tarde do dia 07 de janeiro, e depois da interação com Vanda Pires, levou Seabra da Penn Station até ao Hospital Bellevue, onde foi tratado a cortes nos pulsos.

A procurador Maxine Rosenthal sustenta que o crime de Seabra «resultou de raiva, de cólera, de frustração e de desilusão, resultado direto do fim da relação com Castro».

A defesa escuda-se nos relatórios psiquiátricos que apontam problemas mentais a Seabra que, na altura do crime, «estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com caraterísticas psicóticas graves».
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