«Máfia do Vale do Sousa» vai a julgamento - TVI

«Máfia do Vale do Sousa» vai a julgamento

Justiça (arquivo)

Processo tem 44 arguidos, acusados de 142 crimes

O tribunal de Penafiel pronunciou todos os 44 arguidos da chamada «Máfia do Vale Sousa», acusados pelo Ministério Público de 142 crimes, 20 dos quais de associação criminosa.

No despacho, o magistrado Augusto Silva não deu razão aos argumentos que estiveram na base do pedido de abertura de instrução apresentado por alguns dos arguidos que contestavam, sobretudo, a acusação relativa ao crime de associação criminosa. O juiz confirmou também a prisão preventiva de seis dos 42 arguidos.

De acordo com o Ministério Público, os elementos da «Máfia do Vale do Sousa» obrigavam os donos de cafés, bares e discotecas de Penafiel, Paços de Ferreira, Lousada e Marco de Canaveses a pagar avultadas quantias de dinheiro pela segurança dos estabelecimentos.

Em despacho de pronúncia, o magistrado justificou que se mantém o alarme social associado aos factos de que estão acusados os arguidos, alegadamente praticados entre 2008 e 2010. «Quem conhece a realidade desta região sabe que a dimensão dos factos que ocorreram ao longo dos anos era bem maior do que a que está descrita na acusação», acrescentou.

Além dos crimes de associação criminosa, os arguidos estavam acusados de 43 crimes de extorsão, 16 de exercício de segurança privada, 19 de tráfico de armas, 21 de detenção de arma proibida, 16 de ofensa à integridade física, quatro de ameaça, um de furto, um de coação e um de abuso de poder.

O principal visado na acusação é o chamado «grupo dos Peixeiros», liderado pelo arguido Toninho Peixeiro que, segundo o MP, «há já largos anos» se dedicava a «atividades criminosas diversificadas». Se fosse necessário, refere a acusação, criava «os distúrbios necessários para que os seus serviços fossem contratados a contragosto, como um mal menor, na perspetiva dos proprietários de tais estabelecimentos».

O «grupo dos Peixeiros» está igualmente acusado de se dedicar «a serviços de extorsão, na vertente de ¿cobranças difíceis¿ auferindo assim de outros rendimentos e consolidando a sua senda de atemorização na região do vale do Sousa».

O processo associa também diversos arguidos à venda, compra e intermediação ilegais de armas de fogo e respetivas munições, numa parte da acusação sustentada em escutas telefónicas.

A acusação arrolou 77 testemunhas. O tribunal ainda não marcou a data para o início do julgamento.
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