O investigador e jurista açoriano Álvaro Monjardino disse esta quinta-feira que «não existe nenhum obstáculo para que a Assembleia Legislativa Regional possa criar legislação que autorize as touradas picadas e, no limite, as touradas de morte», escreve a Lusa.
Na sua intervenção, na conferência inaugural do Fórum Mundial da Cultura Taurina, que decorre em Angra do Heroísmo, Álvaro Monjardino considerou «desde que desapareceu da Constituição o interesse específico, o caminho está aberto e precisa é vontade política» para alterar as leis.
Vontade política
Mais do que a questão da falta de «vontade política», o jurista considera que não tem existido «até ao momento oportunidade para [os políticos] se manifestarem sobre esta matéria».
Álvaro Monjardino considera que o «obstáculo às touradas picadas», invocado «de forma especiosa e forçada» pelo Tribunal Constitucional, já desapareceu da lei.
Diploma «neste momento dá para tudo»
Com o novo Estatuto Político Administrativo, existem poderes para legislar sobre os toiros de morte nos Açores, salientou o jurista, considerando que o diploma «neste momento dá para tudo».
As touradas de morte consitituem somente uma contra-ordenação «a nível nacional» mas deixou de «ser um crime e por esse facto deixou de ser matéria reservada da Assembleia da República», podendo ser sujeita apenas a «competência regional» de gestão.
Apesar dos toiros picados estarem proibidos desde 2002, «até agora ¿ sem embargo nem sanção ¿ decorreu pelo menos uma tourada na ilha de São Jorge» com essas características.
Durante a sua intervenção, Álvaro Monjardino, recordou a história da festa brava na ilha Terceira onde «nas Constituições Sinodais do Bispo de Angra» de 1559 já «se proibia de correr toiros nos adros das igrejas».
O investigador afirma que as touradas terão chegado às ilhas com o povoamento tendo subsistido, particularmente na ilha Terceira, a sua realização, nomeadamente com os touros à corda.
O Fórum Mundial da Cultura Taurina, promovido pela Tertúlia Tauromáquica Terceirense, decorre até Sábado na ilha Terceira com cerca de duas centenas de participante oriundos de onze países.
Açores «pode» legislar sobre touradas de morte
- Redação
- PP
- 29 jan 2009, 13:08
Investigador e jurista diz que «não existem obstáculos» para que a Assembleia Legislativa Regional não possa decidir
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