Gripe das aves: 8 mil perdizes abatidas

As mil perdizes existentes numa exploração da Lourinhã foram esta sexta-feira todas abatidas pela Direcção-Geral de Veterinária (DGV), após se ter confirmado que estavam infectadas com o vírus da gripe aviária, do subtipo H5, o de menor mortalidade, escreve a Lusa.

«As aves estavam vivas e procedeu-se ao abate dos animais porque estas perdizes são usadas para o repovoamento cinegético e, como são vendidas, deve-se ter cautela», relatou à agência Lusa o veterinário municipal, Jorge Barros, que explicou que «este vírus não se transmite aos humanos».

As perdizes não apresentavam quaisquer sintomas, pelo que a detecção do vírus, de menor patogenicidade, só foi possível através de análises de rotina, no âmbito do Plano de Vigilância da Gripe Aviária.

«Deverá ter sido uma ave selvagem que passou e deixou dejectos», apontou Jorge Barros.

O proprietário, que não quis identificar-se, reagiu com consternação, já que este foi o primeiro caso em 24 anos de actividade e a exploração está devidamente licenciada, embora reconheça que as aves estavam em exposição ao vírus.

«São aves que estão ao ar livre e não podem estar em circuitos fechados».

Quanto ao prejuízo, «são custos muito elevados», explicou o produtor, tendo em conta que estas perdizes eram reprodutoras de outros exemplares, que depois eram vendidos para o repovoamento de zonas cinegéticas em Portugal e em Espanha.

«O maior prejuízo é o que iriam produzir em 2008», disse.

Para o produtor, deveria ser implementado um plano de vacinação, caso contrário qualquer exploração poderá estar sujeita ao mesmo foco.

«Ou se tomam medidas efectivas de prevenção sanitária e de vacinação ou então caímos todos os anos no mesmo erro», defendeu.

A DGV procedeu de imediato ao sequestro da exploração e ao abate das aves, recorrendo a dióxido de carbono, e posterior incineração dentro da própria exploração.

Após a operação, o espaço, que se encontra no centro da Freguesia da Atalaia, foi alvo de uma acção de desinfecção e deverá permanecer encerrado nas próximas três semanas.

Nas explorações vizinhas, vão ser efectuadas análises periódicas, de modo a detectar a mínima propagação do vírus.

Mafra também afectada

O vírus da gripe aviária foi também detectado em sete mil perdizes de uma exploração no Concelho de Mafra, onde uma brigada irá estar a proceder até sábado ao abate das aves.

A Direcção-Geral de Veterinária vai manter a vigilância no perímetro de um quilómetro em redor das explorações, onde foi encontrada também uma exploração de frangos que será mantida sob sequestro enquanto se fazem análises.

O director-geral, Carlos Agrela Pinheiro, revelou que o Estado poderá compensar os proprietários de Mafra e Lourinhã pelo abate das aves, desde que tenham «cumprido todas as suas obrigações».

O sub-tipo H5 que foi encontrado nas explorações circula normalmente entre aves de vida livre.