«Devolvam os nossos amiguinhos» - TVI

«Devolvam os nossos amiguinhos»

Dia Mundial da Criança

Crianças lançam 500 balões com mensagens sobre meninos desaparecidos

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Algures por aí vão cair 500 balões com mensagens personalizadas sobre as crianças desaparecidas. Foram escritas pelos alunos das várias escolas de Matosinhos.

«Só quem as escreveu conhece o conteúdo. Não sabemos onde vão cair, mas a quem as receber, pede-se que leia e divulgue», explicou ao PortugalDiário o presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos, António Parada, que aproveitou o Dia Mundial da Criança «para homenagear os meninos desaparecidos e não deixar que o tempo apague a memória».

«Por favor devolvam os nossos amiguinhos»

No centro da Marginal, o placard lança um apelo em letras gordas: «Por favor devolvam os nossos amiguinhos às suas famílias. Obrigado», assinam as crianças das escolas do concelho.

Segue-se uma lista de dez crianças desaparecidas. Cinco rapazes e cinco raparigas. Não faltam Madeleine MacCann (desaparecida a 3 de Maio), Rui Pedro Mendonça (desaparecido a 4.3.98) e Rui Pereira (desaparecido a 2.3.99). [Veja todos os nomes nas fotos associadas].

Laurinda só lamenta «não ter muito dinheiro» como os pais de Maddie

Por entre as crianças que brincam, sobressaem dois rostos tragicamente conhecidos: Filomena Teixeira, mãe de Rui Pedro, e Laurinda Meira, mãe de Rui Pereira.

A mãe de Rui Pereira, desaparecido de Famalicão aos 13 anos, aceitou o convite do presidente da Junta e só lamenta não ter «muito dinheiro como os pais de Maddie» para «correr o mundo inteiro» à procura do rebento. Lamenta ainda que a PJ não tenha demonstrado o mesmo empenho no seu caso, «mas a Maddie é estrangeira e Portugal está preocupado com o turismo», atira.

«Acho muito bem que procurem a menina inglesa, mas lembrem-se também das outras crianças», refere a mãe. A última mensagem é para o filho (actualmente com 21 anos). «Se o meu filho estiver a ver que volte para casa porque os pais o aceitam».

Filomena criou Associação para apoiar pais de crianças desaparecidas

Filomena Teixeira já era o rosto mais visível dos pais de crianças portuguesas desaparecidas, mas o caso Madeleine foi para ela uma lição. «São estrangeiros, têm uma maneira diferente de agir. Pressionam mais as autoridades. Aprendi um bocadinho», confessa ao PortugalDiário.

O resultado está à vista. Depois de na última semana ter criado o site do Rui Pedro (www.ruipedro.net), a mãe prepara-se agora para abrir «uma associação para apoiar as famílias de crianças desaparecidas». «Toda a informação está no site do Rui Pedro», adianta.

A janela do Rui Pedro na net trouxe a Filomena «muito conforto e mil e uma pistas que ainda estão a ser seleccionadas».

A PJ garante-lhe «que o caso não está esquecido». Filomena agradece a todos. Ou a quase todos. «Detesto quando me dizem «conforme-se». Essa palavra não faz parte do meu vocabulário. Nunca fez». Rui terá agora 21 anos. «Espero encontrá-lo de maneira a ainda poder fazer qualquer coisa dele», confessa.

Crianças ensinam truques para não serem raptadas

Catarina, Tiago, Bruna, Diogo e Fernando olham o cartaz com os nomes das crianças desaparecidas. «Olha, a Madeleine e o Rui Pedro», são os nomes que lhes soam mais familiares.

O placard passa despercebido às largas dezenas de crianças, entretidas ente as brincadeiras nos insufláveis e o voleibol de praia, mas estes alunos do quarto ano da escola Florbela Espanca ensinam, do alto dos seus nove anos, dicas para evitar um rapto.

«Não andar sozinho na rua, não abrir a porta à pressa sem ver quem está do outro lado, não aceitar boleia de estranhos». Estas são bem conhecidas. Mas há mais. «Se estiver a ser perseguido devo entrar logo num café ou bater à primeira porta ou ligar logo para o 112».

Noutros tempos as crianças brincavam sozinhas horas a fio nas ruas. «Agora os pais estão connosco ou vão sempre espreitar à janela», atiram os rapazes. Catarina tem resposta pronta: «Mas antes não havia ladrões . . .».
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