Código do Trabalho: 200 mil na rua - TVI

Código do Trabalho: 200 mil na rua

1º de Maio - manifestação da CGTP em Lisboa (LUSA)

Protestos continuam até o Governo mudar. Para dia 28 estão marcados novos protestos. «Portugal tem futuro», diz Carvalho da Silva

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O apelo da CGTP foi ouvido e 200 mil encheram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, esta quinta-feira, contra a revisão do Código do Trabalho. Perante os manifestantes Carvalho da Silva quase se emocionou: «Olhando para esta dimensão, eu sei que Portugal tem futuro». Dia 28 de Junho há mais.

O líder da CGTP garantiu mesmo que «este protesto não vai parar mais até que haja mudança de políticas». O sindicalista prevê mesmo que o descontentamento aumente «devido à arrogância com que o outro lado reage». Referia-se aqui ao ministro Teixeira dos Santos, que considerou «indeferente» para o Governo o número de trabalhadores presentes na manifestação.

Esta posição do Governo revela para Carvalho da Silva «falta de sentido de democracia» e lembra que o «Governo ganhou as eleições pelo que propôs em campanha e não está a cumprir». «É preciso ter vergonha», exclamou entre palmas e assobios dos presentes.

Erro estratégico

Quanto às alterações ao Código do Trabalho, o sindicalista considerou tratar-se de «um erro estratégico profundo», pelos «desequilíbrios sociais», pelo «agravamento da pobreza» e por «inviabilizar o crescimento económico».

As 200 mil pessoas começaram a descer a Avenida da Liberdade até aos Restauradores por volta das 15h30. Cartazes grandes, pequenos, bandeiras, balões e vozes contestatárias ruidosas: «Com políticas de direita o país não se endireita», «Pró capital há milhões, prós salários só tostões», «Com flexisegurança os patrões enchem a pança».

Mais de uma hora depois, quando já chegavam os primeiros manifestantes aos Restauradores, a cauda não tinha saído do Marquês de Pombal. Para Carvalho da Silva os trabalhadores deram «um sinal inequívoco de um grande sentimento de indignação».

O palavrão da crise

Sobre a tão apregoada «crise internacional», o sindicalista acredita que o Governo «usa o palavrão para encolher a disponibilidade e capacidade de acção das pessoas». Apesar de reconhecer que o país «não está imune» ao que se passa no mundo, considera que a situação actual «tem como causas fundamentais as políticas internas do Governo».

«Num país o elemento mais valioso é o seu povo, mas eles esquecem-se disso», lamentou. Carvalho da Silva não tem dúvida que um dos objectivos da revisão das leis laborais é «acabar com os contractos colectivos de trabalho porque, apesar de tudo, estes têm mais benefícios que a lei geral».

O número de horas de trabalho foi outro ponto abordado pelo sindicalista. «Jornadas de oito horas foi um acordo estabelecido pelas partes» há muitos anos e que, para si, não pode ser alterado. «O tempo de não trabalho é tempo do trabalhador e não pode ser manipulado pela entidade patronal». Até porque determina «os outros tempos das nossas vidas, como aquele que dedicamos à família».

O líder da CGTP deixou um recado ao Governo «desiluda-se. Nem o sector privado, nem o público vão parar o protesto». E, por isso mesmo, Carvalho da Silva convocou para 28 de Junho, «que é um sábado, manifestações em todas as regiões do País. Vamos encher as ruas», prometeu.

«A verdadeira moção de censura é esta»

Em dia de moção de censura ao Governo, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã fez questão de se juntar aos manifestantes, lembrando que «a verdadeira moção de censura é esta». Quanto ao «governo teimoso», espera que apenas que este «ouça» e respeite os trabalhadores «que estão a mostrar a sua indignação pelo aumento das condições de vida e do desemprego».
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