Fenprof teme privatização da escola pública - TVI

Fenprof teme privatização da escola pública

Mário Nogueira [LUSA/José Sena Goulão]

Mário Nogueira reage ao programa eleitoral do PSD

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A Federação Nacional dos Professores encara sem surpresa, mas com preocupação, as propostas do PSD para a Educação, temendo a privatização do ensino, com o princípio da liberdade de escolha da escola, defendida pela direita e privados.

«A chamada liberdade de escolha efectivamente o que esconde por detrás é um caminho de privatização da escola pública. Obviamente que ficamos preocupados, quase somos levados a dizer que aquilo que pode estar na calha no caso de o PSD vir a ganhar as eleições não é melhor do que aquilo que está, nalguns aspectos pode até ser pior», disse à agência Lusa o secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira.

Para o dirigente sindical, os pontos essenciais do programa social-democrata para a Educação «estão longe de deixar descansados» os professores: «Nem sequer se considera uma alternativa positiva».

No programa eleitoral que apresentou no domingo, o PSD promete desenvolver iniciativas de liberdade de escolha para as famílias em relação à oferta de escola disponível, independentemente de ser pública ou privada.

A federação receia também que a gestão das escolas venha a ser profissionalizada numa lógica empresarial. «Recordo que o modelo que se conhecia de gestão do PSD era muito próximo do que hoje existe, só que admitindo até que os directores das escolas não fossem professores, fossem puro e duro gestores».

No programa, o PSD propõe uma nova carreira profissionalizada de director escolar, que permita «atrair, seleccionar, desenvolver e manter os perfis de talento e de competências adequadas às novas necessidades de liderança e gestão dos agrupamentos de escolas».

O líder da maior organização de professores avisa: «Uma organização pedagógica não é propriamente uma empresa, os resultados têm a ver com os próprios contextos. Não se pode avançar para modelos de gestão com gestores como se as escolas fossem empresas porque não são. Trabalham com crianças e com jovens e é nessa perspectiva que a escola se deve organizar».

Sobre a avaliação de desempenho docente, Mário Nogueira diz que não basta ao PSD anunciar que vai apresentar um modelo no início da legislatura. Os professores querem saber antes de votar quais serão as orientações, nomeadamente se mantém o sistema de quotas para as melhores notas.

«Aquilo que é dito pelo PSD ao nível da organização das escolas, da Educação, está longe de nos deixar descansados, pelo contrário, preocupa-nos porque são discursos que retomam velhas propostas contra as quais os professores já lutaram», recordou.

AEEP satisfeita

Já a Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) saudou as propostas do PSD para a autonomia das escolas e liberdade de escolha do estabelecimento de ensino pelos pais, seja ele público ou privado.

«Saudamos que apareça no programa social-democrata esta vertente de autonomia para as escolas e esta garantia de educação para todos. Entendemos que os pais devem ter o direito de escolher a escola dos filhos», disse à agência Lusa o presidente da AEEP, João Alvarenga.

João Alvarenga recordou que a AEEP sempre defendeu apoios às famílias para poderem escolher a escola dos filhos, «sem serem penalizadas pela sua situação financeira».
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