Hospital de Braga tem um «turbo-anestesista» - TVI

Hospital de Braga tem um «turbo-anestesista»

Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

Clínico anestesia simultaneamente «vários doentes em diferentes salas do bloco operatório»

O Bloco de Esquerda pediu a abertura de um inquérito ao que apelida de caso do «turbo-anestesista» do hospital de Braga, um médico que «terá anestesiado simultaneamente vários doentes operados em diferentes salas do bloco operatório».

Em pergunta dirigida ao Ministério da Saúde, o deputado bloquista João Semedo diz que se trata de «má prática clínica, susceptível de colocar em risco a vida dos doentes».

Em causa está Mário de Carvalho, médico anestesista que é também o director clínico do hospital de Braga.

Contactada pela Lusa, a comissão executiva do hospital assegurou que a intervenção do director clínico decorreu «em salas diferentes, respeitando sempre as boas práticas anestésicas e sem haver sobreposição de actividade».

«A intervenção pontual do director clínico na actividade anestésica teve por único objectivo o bem-estar e conforto dos doentes que se encontravam já preparados para as respectivas cirurgias, evitando assim o adiamento das mesmas e os transtornos que a situação lhes acarretaria», sublinhou.

O Bloco de Esquerda apelida aquele especialista de «turbo-anestesista», relatando, com detalhe, as horas e minutos em que o director clínico «foi apanhado, à mesma hora, em diferentes salas». Num só dia, terá ministrado anestesia a 17 doentes.

O hospital alega que esta situação de registou «por indisponibilidade momentânea» dos médicos anestesiologistas em dar cumprimento a um período de actividade extra previamente definido.

«No âmbito da contratualização estabelecida com a Administração Regional de Saúde do Norte, o Hospital de Braga tem vindo a reduzir as listas de espera para cirurgia, recorrendo, para esse efeito, a incentivos aos elementos que compõem as equipas multidisciplinares de cirurgia e rentabilizando a utilização do bloco operatório para além dos tempos normais», refere a comissão executiva.

Sublinha que o director clínico exerce há mais de 30 anos naquele hospital as funções de médico da especialidade de anestesiologia.

Segundo o regulamento aprovado pela Ordem dos Médicos, «boa prática assistencial exige que o acompanhamento do doente anestesiado ou sedado seja efectuado, em presença física, junto do doente, por um especialista de anestesiologia, devidamente inscrito no respectivo Colégio».

«A boa prática assistencial exige que o anestesiologista que acompanhe um doente anestesiado ou sedado assuma a responsabilidade apenas por um doente em cada momento, não sendo aceitável o acompanhamento de mais do que um doente em simultâneo ou a tutela de quem acompanha outro doente», acrescenta.

Diz ainda que, «como situação de excepção, apenas se considera aceitável a intervenção em mais do que um doente anestesiado ou sedado em caso de emergência (com risco de vida) que imponha a intervenção imediata com os recursos disponíveis, ainda que não os ideais».
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