Bater até à morte

De dois em dois dias um português morre vítima de agressões. Em três anos, 539 homens e mulheres foram assassinados à pancada. A violência atinge todas a idades, mas o ano de 2003 mostra uma outra dura realidade: cinco crianças com menos de quatro anos foram espancadas até à morte.

Vanessa, Joana, Catarina e Daniel são os nomes e os rostos que tragicamente ilustraram os maus tratos a menores em Portugal. Mas não são os únicos. O ano de 2003 foi negro. Na faixa etária dos zero aos quatro anos, cinco crianças foram agredidas e acabaram por morrer. Três raparigas e dois rapazes. Dois eram ainda bebés com menos de um ano.

Em 2002 e 2004, não há registo de mortes por agressão nestas idades. Anos aparentemente calmos mas que não traduzem a realidade. Todos os anos - desde 1997 - uma ou duas crianças com menos de um ano morre desta forma. Os dados são do INE e as informações sobre o ano 2004 só ficaram disponíveis no mês de Março.

A violência mata não só as crianças de tenra idade, mas também os adolescentes. Em três anos - 2002, 2003 e 2004 - foram mortos 25 jovens com idades entre os 15 e os 19 anos. A maior parte são rapazes. No escalão anterior, dos 10 aos 14 anos, só em 2003 houve registo de mortes: dois rapazes foram as vítimas.

O sexo masculino é, aliás, o mais atingido por este flagelo social. Dos mais de 500 indivíduos que sucumbiram desta forma, 393 eram homens. Mas foram também atingidas 146 mulheres. O maior número de casos regista-se nas camadas mais jovens. Nas mulheres, dos 20 aos 29. Já os homens têm a maior parte dos casos entre os 40 e os 49 anos.

Os idosos também não escapam a esta fatalidade. Foram assassinados 88 idosos com mais de 65 anos. As mulheres continuam também em minoria. A destacar ainda o ano de 2002, em que seis idosas com idades entre os 80 e 84 anos não resistiram aos ferimentos causados. Em 2003, foram oito as agredidas entre os 70 e 74 anos.