A reposição do stock do medicamento feito à base do bacilo de Calmette-Guérin (bacilo da tuberculose) deveria ter sido feita a 20 de outubro, mas segundo o Infarmed ainda não há «data de recolocação no mercado». Contactado pela TVI24, o Infarmed admitiu que «a primeira libertação de unidades para o mercado português aconteceu ontem, dia 19 de novembro, tendo ficado disponíveis para o mercado esta manhã».
«As restantes unidades esperadas serão entregues em Portugal no próximo dia 24 ou 25 de Novembro. O titular da AIM irá abastecer os hospitais com um total de 518 unidades, de dois lotes diferentes, no espaço de uma semana. Tal como foi acordado previamente com o Infarmed e com os SPMS, o titular da AIM irá fornecer todos os hospitais, tal como refere o histórico de vendas do primeiro semestre de 2014».
De acordo com a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, esta situação foi «motivada por atrasos na libertação de lotes na fábrica, devido ao aumento da escala de produção».
Para fazer face à falta do medicamento, o Infarmed tem dado autorizado os hospitais a requerer o medicamento a outros países. No hospital de São João, no Porto, alguns médicos têm optado por prescrever mitomicina, uma alternativa menos eficaz no tratamento.
Contactado pela TVI24, o secretário-geral da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Veloso, afirmou que esta é uma «situação altamente preocupante» e que «estas situações podiam ser acauteladas previamente».
«Há uma preocupação muito grande. Não é a primeira vez que acontece e se fossem tomadas precauções atempadamente, estas situações não aconteceriam», afirmou.
Para o secretário-geral, estas situações «não deveriam acontecer» porque, «ao interromper o tratamento, podem colocar em causa a cura do doente» «E a mudança de tratamento não é solução».
Esta não é a primeira vez que um medicamento para o cancro da bexiga entra em rutura. Em agosto, o medicamento oncológico OncoTice (BCG) entrou em rutura de stock e levou a Infarmed a emitir um comunicado que informava que o mesmo seria reposto em breve.
No entanto, os problemas com os fármacos para o tratamento de cancro não se ficam por aqui. Em abril, o medicamento para o tratamento da diabetes II - Actos - foi associado ao risco do cancro da bexiga . Um tribunal federal dos EUA condenou a farmacêutica japonesa Takeda e a empresa norte-americana Eli Lilly a uma multa recorde de 6,5 mil milhões de euros, por terem ocultado o risco acrescido de cancro da bexiga associado ao Actos. Já a Autoridade Nacional do Medicamento decidiu manter a sua comercialização, por considerar que «o benefício de utilização do medicamento continua a compensar o risco».
Recorde-se que o cancro da bexiga é o quinto tumor mais frequente no homem e está relacionado com o tabagismo. De acordo com o relatório « Doenças Oncológicas em Números » da DGS, em 2011 morreram 860 doentes com tumor maligno na bexiga.