Namoro: violência começa com controlo por sms e messenger - TVI

Namoro: violência começa com controlo por sms e messenger

Telemóveis

Associação que apoia vítimas promove acção para alertar para o problema

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O controlo através de mensagens telefónicas e de Internet é actualmente um dos principais indícios de violência no namoro, afirma Hugo Cruz, do Espaço Trevo, que apoia vítimas de violência doméstica e promove este sábado uma acção para alertar para este problema em bares da Feira, refere a Lusa.

«O excessivo controlo da pessoa com quem se namora, através do telemóvel ou do Messenger, é um indicador de violência na relação», declara o coordenador do projecto Direitos e Desafios, no âmbito do qual foi criado, em 2006, o Espaço Trevo, um gabinete de apoio a vítimas de violência doméstica, em Santa Maria da Feira.

Para Hugo Cruz, o que está em causa «não é tanto a frequência do contacto» mas sobretudo «o controlo da utilização» dessas tecnologias: «O problema é uma pessoa querer ver as mensagens todas que a outra recebe no telemóvel, ver os contactos que ela tem no Messenger, controlar com quem esteve a falar¿»

«Esse indicador da falta de confiança é muitas vezes encapotado pelo ciúme e pelo mito se eu gosto de ti, tenho que saber tudo o que se relaciona contigo», destaca.

«Mais no limite, também há a violência verbal», mas essa é facilmente identificada e os jovens reagem «com maior intolerância», garante.

Segundo Hugo Cruz, «mais preocupantes porque passam mais despercebidos» são indícios como «a incapacidade de avaliar a posição do outro e de dialogar» e «o isolamento em relação aos colegas e à família».

O responsável do Espaço Trevo exemplifica que «é habitual o rapaz querer que a rapariga só saia com os amigos dele, para poder controlar tudo, e também há excessos que levam ao isolamento familiar, como acontece quando há pressão para que os pais não descubram o namoro».

Estas conclusões foram retiradas de um trabalho preventivo que o Espaço Trevo tem vindo a realizar junto de 928 alunos do 9º ano das escolas de Arrifana e Milheirós de Poiares, ambas no município de Santa Maria da Feira.

A metodologia utilizada foi o teatro-fórum - uma encenação com tema predefinido em que os actores são, a certa altura, substituídos por alunos, para que esses revelem a sua própria solução para o problema.

«Nessas encenações, uma das personagens dava pontapés à mochila da namorada e isso nem foi apontado como um problema. Os jovens viram aquilo como um acto normal», recorda Hugo Cruz.

São situações idênticas a esta que o Espaço Trevo pretende encenar hoje, Dia de São Valentim, nos bares Rua Direita e Villacaffé.

«O objectivo é levar esta reflexão, de forma mais informal, aos locais onde tem início grande parte destes relacionamentos» e «chegar a um público que é um pouco mais velho mas que também começa os seus namoros com mensagens de telemóvel», diz Hugo Cruz.

Entre Janeiro de 2006 e Dezembro de 2008, o Espaço Trevo recebeu 477 pessoas, entre os quais 381 mulheres e 96 homens, sendo que 69 eram crianças.

No mesmo período, deu acompanhamento a 28 agressores, prestou apoio jurídico a 184 casos e encaminhou para tribunal 165.

O Espaço Trevo integra-se no projecto Direitos & Desafios, promovido pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e dinamizado pela Associação Pelo Prazer de Viver, com o co-financiamento do PROGRIDE -Programa para a Inclusão e Desenvolvimento, do Instituto da Segurança Social.
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