Cirurgias às cataratas: ministério gasta demasiado - TVI

Cirurgias às cataratas: ministério gasta demasiado

Olhos (arquivo)

Antigo presidente da SPO considera que são feitas cirurgias sem justificação

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O ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), António Travassos, admitiu esta terça-feira que muitas das cirurgias realizadas às cataratas não têm justificação, o que implica que se esteja a gastar dinheiro público de forma incorrecta.

António Travassos revelou à Lusa que quando se encontrava a liderar o SPO havia operações que se realizavam sem que houvesse justificação, após ter analisado os resultados divulgados pelo Programa de Intervenção em Oftalmologia (PIO).

O ex-presidente da SPO referiu ainda que os gastos exagerados nos serviços de oftalmologia podem ser postos ao serviço do tratamento de doentes com cancro.

Segundo uma auditoria do Tribunal de Contas os resultados do PIO revelaram-se insatisfatórios e mostraram uma «fraca taxa de execução», 59 por cento nas cirurgias e 41 por cento das primeiras consultas.

A finalidade que o PIO pretendia atingir era da realização de 30 mil cirurgias às cataratas nos hospitais públicos e 75 mil consultas de oftalmologia a realizar no período de Junho de 2008 a Junho de 2009. Analisando o mesmo espaço de tempo, o Ministério da Saúde anunciou, esta terça-feira, que foram feitas mais de 36 mil cirurgias, o que ficou «acima da produção habitual».

Para António Travassos o serviço de oftalmologia tem cometido mais erros na administração do dinheiro o que deve ser «esclarecido, para que a medicina não se torne num negócio ilícito».

António Travassos contou que, quando ainda era presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, chamou a atenção do secretário de Estado para o facto de que «estavam a ser gastos dinheiros de forma incorrecta e que podiam ser usados para tratar doentes com cancro».

O secretário de Estado não lhe terá dado razão na altura, apesar de «passado um ano» ter admitido que «não há orçamentos ilimitados» e ter acabado por concordar com os avisos de António Travassos.

Para o oftalmologista, não é só nas cirurgias às cataratas que «têm sido feitos erros enormes na forma como têm sido adjudicados serviços», e, por isso, é necessário que tudo seja «perfeitamente esclarecido» para que a medicina não se transforme num negócio ilícito.
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