Descoberto cemitério com mais de dois mil anos - TVI

Descoberto cemitério com mais de dois mil anos

Esqueletos descobertos no centro histórico de Beja (NUNO VEIGA/LUSA)

Dezenas de ossadas e fragmentos cerâmicos encontrados na vila de Arruda dos Vinhos

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Dezenas de ossadas e fragmentos cerâmicos com 2.100 anos foram descobertos na vila de Arruda dos Vinhos, no âmbito da realização de obras de requalificação das ruas das procissões, disse hoje o arqueólogo Guilherme Cardoso.

«Temos um cemitério quinhentista com três dezenas e meia de sepulturas já identificadas e descobrimos também vestígios cerâmicos do período romano e medieval», afirmou à agência Lusa Guilherme Cardoso.

As escavações permitem aos arqueólogos afirmar que a fundação de Arruda dos Vinhos remonta à Idade do Ferro, uma vez que a primeira ocupação do território data pelo menos de há 2.100 anos atrás, no vale do Rio da Pipa.

«Os trabalhos permitem-nos perceber como é que as pessoas eram no final da Idade Média e confirmar uma ocupação mais antiga, que remonta à Idade do Ferro», explicou.

Nas sepulturas descobertas numa área de 40 metros quadrados, foram encontradas 80 a 90 ossadas, a maioria das quais pertencentes a crianças.

«Estamos a falar de um período em que a mortandade infantil era muito grande e tudo leva a crer que, neste caso, poderá ter havido uma epidemia, uma vez que pelo menos uma das crianças foi atirada para dentro da sepultura», explicou.

Guilherme Cardoso adiantou que há intenção de alargar a zona de escavação, no sentido de vir a descobrir mais ossadas.

Os trabalhos arqueológicos decorrem desde março, depois de terem sido feitas sondagens, no âmbito da realização das obras de requalificação das Ruas 5 de Outubro, Heliodoro Salgado, Cândido dos Reis, da República, Padre José Lopes, do Adro e dos Becos Torto e da Amargura, em torno da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Salvação.

«Queremos valorizar o centro histórico e decidimos fazer obras nas ruas onde ainda hoje passam procissões, sendo a mais importante a da Salvação», disse a vereadora da Cultura, Gertrudes Cunha.

A empreitada, que decorre desde fevereiro, engloba a substituição do pavimento e da rede de águas e de eletricidade.

As obras estão orçadas em 509 mil euros, 272 mil euros dos quais são financiados por fundos comunitários, e deverão estar concluídas em julho.
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