Lei só permite aeroportos nos terrenos da Portela - TVI

Lei só permite aeroportos nos terrenos da Portela

(arquivo)

PDiário: Câmara de Lisboa e Governo reclamam posse dos terrenos do Aeroporto Internacional. Disputa está em tribunal há mais de 15 anos. Mas sem autorização da autarquia lisboeta nada poderá ser construído, porque PDM só prevê infraestruturas aeroportuárias

Se o Aeroporto Internacional de Lisboa sair da Portela, como prevê o Governo, os terrenos vagos prometem geral polémica. O Plano Director Municipal da Câmara de Lisboa só prevê a construção de infraestruturas aeroportuárias naquele espaço e Carmona Rodrigues já fez saber que não quer que o Aeroporto Internacional saia da capital.

O Estado diz que os terrenos da Portela são seus, o presidente da autarquia diz que «não». Segundo informação recolhida pelo PortugalDiário, desde o fim da década de 80 que decisão sobre a titularidade dos terrenos arrasta-se em tribunal. Quando interpôs a acção, reclamando a posse dos terrenos circundantes ao aeroporto - cerca de 262 hectares -, a Câmara Municipal de Lisboa reclamou também uma indemnização pelos terrenos ocupados com actividades aeroportuárias (260 hectares).

À época ficou determinado em decreto-lei que os terrenos de domínio público passassem para domínio privado para que a Transportadora aérea nacional, TAP, pudesse aumentar o seu capital social. Dessa determinação nunca foi pago qualquer valor pelos terrenos, como também nunca foi pago qualquer valor desde que o aeroporto da Portela se encontra em funcionamento. Acresce ainda o facto dos terrenos terem sido cedidos para um determinado fim: a construção da infraestrutura aeroportuária. A confirmar-se o desejo do actual Executivo, o desmantelamento da Portela e a criação da Ota, esse fim deixa de existir.

A acção foi, entretanto, suspensa, por ordem judicial, porque os terrenos não estavam registados. Esse trabalho tem sido levado a cabo pela CML, nos últimos dez anos. O Portugaldiário sabe que em breve os registos estarão concluídos e o processo será retomado.

Seja o Estado ou a autarquia, o legítimo titular dos terrenos, há uma condicionante que se aplica a qualquer proprietário: o PDM de Lisboa. E este apenas prevê «aeroportos» na zona da Portela, considerando os «terrenos de domínio público aeronáutico». Qualquer construção obriga à alteração do PDM. Decisão da exclusiva competência da Câmara de Lisboa. Sem essa mudança, qualquer edificação será «ilegal».

A relação entre a autarquia da capital e o Governo vive momentos difíceis. Carmona Rodrigues, presidente da CML, já afirmou que enquanto estiver à frente da cidade «a Portela não será encerrada». Recorde-se que o Executivo avançou com o anúncio do Aeroporto da Ota e o encerramento da Portela sem falar com a câmara de Lisboa ou com qualquer outra do distrito.

Tal como o PortugalDiário avançou é necessário um Estudo de Impacte Ambiental para encerrar a Portela. E isso mesmo está descrito num dos estudos divulgados pela NAER SA no passado dia 22 de Novembro. O documento

«Análise do Encerramento do Aeroporto da Portela e Plano de Relocalização e Gestão Preliminar do Aeroporto» diz o que pode ou não ser edificado no local. A Parsons FCG, responsável por esse estudo, alerta para o facto dos «terrenos da Portela estarem muito bem cotados no mercado imobiliário».

Considerando que no total «são aproximadamente 495 hectares» e que o «aeródromo é a área de maior dimensão abrangendo cerca de 78 por cento do terreno global», este espaço «amplo poderá ser transformado em zonas residenciais, complexos de centros comerciais, áreas recreativas e parques».
Continue a ler esta notícia