Santa Maria garante: «Não houve negligência médica»

A direcção clínica do Hospital de Santa Maria diz ter certezas de não ter havido negligência médica no que toca ao tratamento dos seis doentes que ficaram internados com problemas oftalmológicos.

«Negligência médica nós temos a certeza que não houve», explicou em conferência de imprensa o director clínico Dr. Manuel Barbosa.

O hospital não entende as incongruências apresentadas pelo relatório da Infarmed. Demonstra, sim, confiança na Ordem dos Farmacêuticos, a qual confirma não ter encontrado nenhum problema na farmácia do Hospital de Santa Maria.

A investigação está agora a cargo da Polícia Judiciária (PJ), para se tentar apurar o que realmente aconteceu aos seis pacientes. «Sabemos o que estamos a fazer, não sabemos o que aconteceu», explicou o director clínico.

Em relação à avaliação dos procedimentos levados a cabo pelo hospital e pela farmácia do local «haverá algumas coisas a corrigir todos os dias seguramente», adiantou.

O oftalmologista, professor e presidente do departamento de oftalmologia da Universidade McGill (de Montreal), Dr. Miguel Burnier, que veio especialmente do Canadá para auxiliar a equipa do Hospital de Santa Maria e «exclusivamente pelos pacientes», garantiu que «a esperança é um facto clínico real».

O especialista considera, no entanto, que seria um erro determinar um prazo para a total recuperação dos pacientes, mas «dizer que os doentes não têm esperança é errar muito mais», disse.

«Situação grave e difícil»

Miguel Burnier desdobrou-se em elogios ao Hospital de Santa Maria, em especial aos oftalmologistas, «não vi até agora gente mais dedicada, mais apaixonada, mais disponível do que eles no tratamento dos doentes», afirmou o professor.

Foi garantida lealdade e transparência aos jornalistas. Nesta medida, Burnier admitiu que se trata de uma «situação grave e difícil».

Relativamente ao estado dos pacientes, o oftalmologista disse que «dois pacientes têm evoluído favoravelmente desde o começo», um dos quais «do ponto de vista anatómico já não tem quase inflamação», acrescentando que, «dos outros quatro diria que eles estão no mesmo patamar».

Quanto aos procedimentos, Burnier explicou : «estamos a dar drogas locais e drogas chamadas sistémicas, que actuam em todo o corpo», há no entanto cuidados a ter, uma vez que cinco dos doentes sofrem de diabetes graves, tendo que a medicação respeitar a condição.

No final, «a previsão ninguém sabe, nem eu», continuou o oftalmologista, «o que não quer dizer que a esperança dos doentes melhorarem não seja real», afirmou, garantindo que «isto vai demorar».

O director do serviço de oftalmologia, Dr. Monteiro Grilo, anunciou que, estando por apurar as causas dos problemas ocorridos no Hospital de Santa Maria, não será aplicado o produto Avastin enquanto decorrer a investigação.