Austeridade «viola direitos humanos» - TVI

Austeridade «viola direitos humanos»

Pobreza (foto Reuters)

Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal afirmou ainda que os valores fundadores da União Europeia «estão esquecidos»

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal afirmou esta segunda-feira que os valores fundadores da União Europeia «estão esquecidos» e que a austeridade está «a violar direitos humanos» e a criar «uma nova classe de escravos».

As posições de Agostinho Jardim Moreira, pároco de algumas das freguesias com maiores problemas sociais do centro do Porto, foram assumidas durante um debate sobre pobreza, na Biblioteca Municipal de Aveiro, no âmbito das jornadas parlamentares do BE.

Na parte final da sua intervenção, o padre, que também dirige a Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal, interrogou-se sobre a existência de uma verdadeira solidariedade europeia, quando há países «a explorar com juros indecentes os pobres e a explorar quem não tem».

Jardim Moreira considerou que um país como Portugal é necessariamente diferente, pela sua matriz cultural, católica e latina, dos países anglo-saxónicos e que estão a querer «vestir-lhe um fato que não serve», aludindo ao programa de assistência que está a ser executado.

O responsável da Rede Europeia Anti-Pobreza apontou depois dados que revelam «uma distribuição claramente regressiva» e que, num contexto de austeridade, «os pobres pagam mais do que os ricos».

«Em relação ao rendimento disponível das famílias, nos escalões mais pobres verifica-se um corte de 9% do orçamento disponível, quando este é de 3% nas famílias mais ricas», afirmou.

Agostinho Jardim Moreira referiu que entre os principais problemas do país estão a sua «fraca liderança a todos os níveis» há vários anos e a existência de «uma sociedade muito podre», com «uma justiça sempre com escapadelas» e em que «as pessoas dificilmente são responsabilizadas pelo que fazem».

O padre defendeu que é preciso pugnar por «uma sociedade mais solidificada no respeito pelos direitos e pelos deveres» dos cidadãos.
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