Igreja preocupada com número de pobres em Portugal

O elevado número de pobres em Portugal e a falta de respostas a esse fenómeno foi, esta quinta-feira, denunciado numa nota divulgada pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que terminou hoje a Assembleia Plenária em Fátima, noticia a agência Lusa.

No documento, os bispos portugueses recordam que a pobreza atinge 21 por cento da população portuguesa, apesar de «alguns especialistas» considerarem que é possível erradicar parcialmente o fenómeno.

«Porém, ainda não se encarou a sério esse problema», até porque «os sintomas parecem apontar o sentido contrário», refere a nota, recordando fenómenos como a «exclusão social, desemprego e emprego precário, desertificação do interior, envelhecimento da população, isolamento dos idosos, deficiências do sistema de saúde, desenraizamento dos imigrantes, entre outros».

Além disso, o «consumismo, a globalização, a deslocalização de empresas, a corrupção, o tráfico de pessoas humanas, de drogas e de influências são fenómenos que contribuem para ampliar a distância entre os ricos e pobres», considera a Igreja.

Segundo os bispos, «para alcançar um desenvolvimento equilibrado e integral não se pode esquecer a educação, sector que se tem vindo a degradar» e que «precisa urgentemente de ser reabilitado».

As novas gerações «precisam de ser educadas para os valores humanos, cívicos e morais, suporte básico do desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade», refere a nota, que evoca os 40 anos da publicação da encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI.

Nesse documento, o antigo Papa apontava as linhas mestras daquilo que considerava ser o desenvolvimento sustentado das nações mas a crise de valores existente tem provocado também problemas sociais, defende a Igreja portuguesa.

Em contrapartida, os bispos propõem agora uma maior promoção de valores como a vida, o matrimónio ou a família.