SCUT: portagens são «um roubo e não podemos chamar a polícia» - TVI

SCUT: portagens são «um roubo e não podemos chamar a polícia»

No primeiro dia de cobranças, a revolta é patente. Há quem demore três vezes mais tempo a chegar ao trabalho por um percurso alternativo

O representante da Comissão de Utentes da SCUT do Grande Porto (A41/A42), Gonçalo Oliveira, considerou esta sexta-feira «um roubo e uma violência inimaginável» a cobrança de portagens naquela auto-estrada. «Se algum gatuno me quiser roubar mais 100 euros, eu defendo-me. Se três me tentarem roubar, eu chamo a polícia. Mas quem é que eu devo chamar quando os três "gatunos" são os três partidos, o PS, o PSD e o CDS, que se uniram na Assembleia da República para inviabilizar a lei das portagens?», questionou, em declarações à Lusa.

Gonçalo Oliveira garantiu que «o povo não vai aguentar esta situação» e afirmou que os políticos, além da preocupação que têm com o défice, deviam estar sensibilizados com o problema de muitos habitantes poderem não ter dinheiro «para ir trabalhar, para produzir riqueza».

Utentes procuram percursos alternativos

Na A29, que liga Aveiro e Porto, os utentes optaram já esta sexta-feira por um percurso alternativo, como a Estrada Nacional 109. Nuno Queiroz, funcionário no Hospital de Gaia, explicou à Agência Lusa que o fez não só pelo encargo diário que as portagens significarão para o seu orçamento familiar, mas também «por uma atitude» que entende que os portugueses devem tomar.

«Eu vim por um percurso alternativo porque, sinceramente, não estou para pagar um euro por dia, por uma estrada que foi feita com fundos europeus», justificou.

Mas os percursos alternativos parecem não resultar para todos. Uma utente da A41 contou à Lusa que, para evitar pagar portagem, optou por fazer um percurso alternativo, entre Leça da Palmeira e a Maia, o que lhe demorou mais 30 minutos do que o habitual. «Em média, de minha casa até ao meu emprego demorava 10 minutos, hoje demorei 40», afirmou, contando que a sua percepção é que «o trânsito aumentou muito» na EN13.

A percepção da utente parece não ser confirmada pelas autoridades. A GNR do Porto diz que a circulação rodoviária nos acessos ao Porto está a decorrer dentro do que é habitual, não havendo a registar uma mudança significativa nos percursos. Mesmo nos locais onde a circulação se está a fazer de forma mais lenta e até com filas, a situação é a habitual.

«Talvez tenha havido alguns automobilistas que alteraram o seu percurso, em especial os que moram mais perto», mas isso não contribuiu para alterar «o panorama habitual», acrescentou a fonte.

Passar sem pagar e com buzinão de protesto

O representante da comissão de utentes das SCUT do Norte Litoral afirmou que muitos automobilistas estão a passar sem pagar por falta dos dispositivos necessários, adiantando que se continuam a ouvir buzinas de protestos. «Há muita gente que não teve tempo nem condições para poder ter acesso aos dispositivos electrónicos nem ao sistema de Via Verde» necessários para pagar as portagens das SCUT, disse José Rui Ferreira.

O representante, que também lidera a comissão nacional de utentes, admitiu mesmo que ele próprio «passaria hoje sem pagar porque ainda não tem o dispositivo electrónico».

«Tanto quanto sei, há mesmo muitos condutores que quando passam nos pórticos buzinam a protestar», adiantou.

Viana do Castelo: utentes apontam mais trânsito na EN13

O representante da comissão de utentes da SCUT de Viana do Castelo estima que o tráfego na EN 13 aumentou cerca de 70 a 80 por cento por causa do início do pagamento de portagem na A28. Apesar de ainda não ter dados definitivos, Fernando Almeida avançou com uma avaliação feita localmente.

«O percurso na Estrada Nacional 13 que vai de Esposende à Malafaia costuma estar "limpo" e hoje está uma fila de trânsito como costumava existir antes da construção da A28», descreveu à Lusa.

Mas a verdade é que os acessos ao Porto não apresentam alterações significativas de tráfego rodoviário em relação a outros dias. Em vários locais, de acordo com a Lusa, o trânsito é intenso, mas normal. A única excepção a registar até ao momento, é na EN13, na zona da Maia em direcção ao Porto.
Continue a ler esta notícia