Alijó: padre volta a celebrar missa após agressão - TVI

Alijó: padre volta a celebrar missa após agressão

  • Portugal Diário
  • 30 dez 2007, 13:30

Cerimónia foi marcada por emoção de sacerdote e populares

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O padre António Aires, alegadamente sequestrado e agredido na noite de consoada, em Alijó, recomeçou a celebrar a missa este fim-de-semana nas paróquias que tem a seu cargo, noticia a Lusa.

Depois de uns dias de retiro, em que aproveitou para descansar e recuperar das agressões de que foi alvo, o sacerdote de 38 anos celebrou esta manhã a missa em Pegarinhos, Santa Eugenia, Sobreira e Carlão.

A Polícia Judiciária prossegue com as investigações, sabendo-se que, até ao momento, o sacerdote ainda não apresentou queixa formal sobre a agressão que foi alvo.

O padre António Aires terá alegadamente sido sequestrado e espancado, despido e amarrado quando se deslocava para Alijó para celebrar a Missa do Galo, à meia-noite de segunda-feira.

O sacerdote terá sido desviado da estrada municipal para um local ermo, junto a uma barragem, por um grupo de indivíduos.

Esta manhã, a igreja de Pegarinhos, concelho de Alijó, encheu-se de fiéis e amigos de António Aires, que fizeram questão de ir ouvir a homilia dominical.

Há 13 anos que o sacerdote repete o ritual de domingo, mas hoje, e ao contrário do que lhe é habitual, o sacerdote preferiu cingir-se à leitura dos textos da Bíblia para, conforme disse no púlpito, «evitar qualquer aspecto mais emocional», tendo escolhido como tema a família.

António Aires falou sobre a «bondade», «compreensão», «partilha» e a necessidade de, na sociedade actual, se manterem «os valores tradicionais da família».

Cerimónia emocionada

O sacerdote, que ao longo da homilia se revelou, por algumas vezes, muito emocionado, contou com o apoio de muitos populares que também não conseguirem evitar as lágrimas.

O alegado sequestro do sacerdote que foi ordenado aos 24 anos, levou muitos dos habitantes das aldeias onde é pároco a mostrarem-se indignados com a agressão.

«O padre Aires é uma pessoa a 100 por cento», afirmou à Lusa Orlando Silvano, um dos paroquianos de Pegarinhos.

Já Elisa Alves, outra paroquiana, considerou que «ninguém merece ser tratado assim, muito menos um padre que sempre nos apoiou a todos, desde os mais novos aos mais idosos».

A Assembleia de Freguesia de Pegarinhos aprovou, por unanimidade, uma moção de repúdio contra as agressões de que o sacerdote foi alvo.

A Fraternidade Sacerdotal de Vila Real, órgão ligado à Diocese e que representa os padres, já expressou «solidariedade» com o sacerdote e disponibilizou todo o apoio, incluindo o jurídico.

Esta estrutura da igreja exigiu ainda das forças policiais e dos organismos adstritos à investigação criminal que conduzam este caso até às últimas consequências e condenou um «certo jornalismo» que lançou a «desconfiança» e fez «insinuações maldosas».

António Aires é um dos padres mais conhecidos da região, tendo a seu cargo várias paróquias do concelho de Alijó.

É ainda conhecido pela sua ligação ao desporto, tendo já sido treinador das equipas de futsal do Macedo de Cavaleiros e da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e da equipa de futebol de Alijó.
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