«Fizemos melhor sem gastar mais» - TVI

«Fizemos melhor sem gastar mais»

  • Marta Ferreira
  • 16 mar 2007, 20:27
Saúde

Ministério apresentou resultados do desempenho do SNS. Mais utentes têm médico de família e espera-se menos por uma cirurgia. «É a primeira vez em 30 anos de democracia que o orçamento para a saúde é cumprido», realça Sócrates

«É a isto que eu chamo um bom trabalho», disse o primeiro-ministro José Sócrates sobre a avaliação do desempenho do Serviço Nacional de Saúde (SNS). «Fizemos melhor e não gastámos mais dinheiro». A tutela da saúde apresentou esta sexta-feira os resultados de 2006 do desempenho do SNS.

Os dados divulgados pela tutela parecem «ouro sobre azul»: mais utentes passaram a ter médicos de família e esperou-se menos por uma cirurgia.

Os medicamentos ficaram mais baratos e de mais fácil acesso e mais crianças foram vacinadas.

Foram vários os principais ganhos no sector da Saúde que foram apontados na apresentação da avaliação do desempenho do SNS. O primeiro-ministro surpreendeu ao aparecer para «felicitar o ministro da Saúde».

No seu discurso, em que manifestou o apoio a Correia de Campos, Sócrates lembrou que, «em 30 anos de democracia, é a primeira vez que um orçamento de Saúde é cumprido».

De acordo com dados divulgados, o Ministério da Saúde evitou, entre 2005 e 2006, uma despesa de 386,6 milhões de euros, graças às medidas que foram sendo aplicadas.

O primeiro-ministro não fugiu à questão das urgências e afirmou que é preciso ter em conta as «sensibilidades e realidades locais» em matérias como a reestruturação da rede de urgências, mas garantiu que este é um caminho que não pode deixar de ser trilhado.

José Sócrates justificou também o fecho das maternidades, que tanta controvérsia gerou em 2006: «Fez-se para melhorar o serviço. Há dez anos também existiu uma discussão semelhante» que conduziu ao encerramento de 150 maternidades e «com ganhos que se tornaram imediatamente visíveis», lembrou.

Por essa razão, «é desanimador ouvir os mesmos argumentos políticos, dez anos depois de acções semelhantes terem dado resultados positivos», acrescentou.

Correia de Campos admitiu, no final da apresentação, que recebeu «com satisfação» o apoio público de José Sócrates. Antes, ainda no auditório da Infarmed, o responsável pela pasta da Saúde garantiu que «em 2007, a linha de acção a seguir vai ser a mesma», dando prioridade aos cuidados de saúde primários e cuidados continuados para os idosos. E lembrou, orgulhoso, que ainda não foi chamado à Assembleia da República para «prestar contas das contas».

«Nem tudo o que luz é ouro»

O conceituado médico Manuel Sobrinho Simões foi convidado para comentar os dados divulgados pela tutela e argumentou que «faltaram apresentar alguns dados» para que se possa «retratar a realidade», dando como exemplo o caso da taxa de mortalidade infantil. Na sua intervenção, o médico acabou por «dar uma lição» a José Sócrates.

Acordo com as autarquias para reestruturação dos SAP

À saída da apresentação, Correia de Campos anunciou que seguiu esta sexta-feira para a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) um projecto de protocolo para a discussão conjunta da reestruturação dos Serviços de Atendimento

O ministro anunciou ainda desenvolvimentos no que respeita à transferência de competências para os municípios, na área dos cuidados de saúde primários.
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