Fragata Corte-Real prossegue missão (fotos) - TVI

Fragata Corte-Real prossegue missão (fotos)

  • tvi24
  • João Pedro Fonseca, da Agência Lusa
  • 17 jun 2009, 09:55
Fragata Corte-Real (foto Lusa)

Navio está junto à costa norte da Somália onde se encontram sequestrados pelo menos três navios

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A poucas milhas do corredor de navegação de segurança no Golfo de Áden, a fragata Corte-Real navega junto à costa norte da Somália onde se encontram sequestrados pelo menos três navios.

Nos próximos dias, a fragata portuguesa permanecerá nas águas do Golfo de Áden, onde navegam mais umas boas três dezenas de navios de diferentes forças navais, mas é também onde mais facilmente os piratas da Somália podem atacar, uma vez que as águas são mais calmas e as distâncias da costa são mais curtas. Da costa da Somália à costa do Iémen, do outro lado do estreito, são cerca de 200 milhas de águas quentes e paradas.

Ao longo de todo o percurso que a Fragata fez desde o porto de Mombassa, no Quénia, junto à costa africana, rumo a Norte, os militares portugueses encontraram, como uma agulha no palheiro, uma «Dhow» indiana com 14 marinheiros a bordo, que tinham sido roubados e espancados por piratas, não comiam há três dias, e dispunham de pouco combustível.

Ficariam no mar

Provavelmente ficariam no mar se não fosse a sorte de se cruzarem com a fragata portuguesa. Foi preenchido um dia inteiro de transporte de combustível para a embarcação indiana (três mil litros), foi fornecida ajuda médica, apoio técnico, alimentos e, já de noite, pelas 21:00, foi feita a despedida daqueles homens, que seguiram a sua rota de navegação rumo a Sarja, nos Emirados Árabes Unidos.

Nessa navegação rumo a Norte, a poucas milhas da costa da Somália, os mares do Índico revelam-se zona de ninguém, tal como em terra, um autêntico deserto. Não se vê nada. Só oceano, com uma pequena agitação de mar própria desta época do ano - a monção - que durará até Setembro/Outubro, nada que se compare com as águas agitadas do Atlântico a que os marinheiros portugueses estão habituados.

Ondulação perigosa

Mas para o tipo de embarcações usadas pelos piratas, as «skiffs», qualquer pequena ondulação já representa um grande perigo para a navegação, razão pela qual diminuíram bastante os ataques dos piratas nestas águas.

Agora que a fragata já se encontra no Golfo de Áden, por onde passam milhares de navios mercantes e onde a ondulação é quase inexistente, são mais prováveis os pedidos de socorro (ainda que muitas vezes sejam falsos alarmes).

Uma das possibilidades de intervenção das forças navais que estão em funções no Golfo é precisamente a eventualidade da libertação de algum dos navios sequestrados. Estes navios, que se encontram estacionados junto à costa, têm a bordo as suas tripulações, sabe-se lá em que condições físicas e psicológicas.

A Lusa falou, a partir da Corte-Real, com o comandante de um navio libertado nos primeiros dias de Junho, o «Yenegoa Ocean», que esteve, juntamente com mais nove tripulantes, sequestrado durante dez meses.

«Esta foi a pior experiência da minha vida. Nunca vivi nada assim! Não sei como ainda estou vivo!», disse à Lusa, naquela altura, o comandante nigeriano Graham Egbegi.

Navegando nestas águas, a qualquer momento pode surgir o apelo para auxílio aos sequestrados, tendo já havido alguns sinais para a fragata Corte-Real de que uma ou outra situação poderia ter uma conclusão a qualquer momento mas, na verdade, não chegou a acontecer nada.

Um mês para o regresso

Para os 214 militares a bordo da Corte-Real, que saíram de Lisboa a 5 de Março, o dia 14 de Julho está já aí à porta, é menos de um mês que falta para voltarem para as suas famílias.

Nos locais de convívio do navio, as conversas já incidem sobre o momento da chegada a Lisboa. «Será que vamos atracar em Alcântara, ou será logo na Base Naval? Eu preferia na Base, tem melhores condições para as famílias», desabafava um marinheiro.
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