França: 25 mil portugueses emigram por ano - TVI

França: 25 mil portugueses emigram por ano

  • Portugal Diário
  • 22 jan 2008, 18:13
(Arquivo)

Devido à «crise económica» e à «falta de expectativas» em Portugal

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O coordenador da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), estimou hoje em 25 mil o número de portugueses que emigram para França devido à «crise económica» e à «falta de expectativas».

Um dia depois do acidente que vitimou quatro portugueses em Espanha, três deles emigrantes em França, Francisco Sales Diniz considera que o país tem assistido a uma ¿hemorragia de muitos e bons quadros portugueses¿ que vão trabalhar noutros países.

«Todos os anos, 25 mil portugueses vão para França trabalhar», uma situação que é o «reflexo da crise e da falta de perspectivas» de quem vive em Portugal, considerou o dirigente da OCPM, que acusa o Governo de nada fazer para inverter esta tendência.

O Executivo aposta na «bandeira da baixa do desemprego» que «só pode ser hasteada graças àqueles que se vão embora», afirmou Sales Dinis.

Por outro lado, «a legislação laboral não dá segurança aos trabalhadores em Portugal» e o «sistema de contratação» de pessoal não permite estabilidade laboral pelo que «é natural que muitos optem por emigrar».

Já o coordenador da União dos Sindicatos de Coimbra, afecta à CGTP, António Moreira elenca a construção civil, a agricultura, a construção naval e as pescas como as áreas onde é mais visível a saída de quadros jovens qualificados.

«Estamos a falar de torneiros, serralheiros e técnicos vários» que «não encontram perspectivas em Portugal» e «preferem sair do país», considerou António Moreira.

O dirigente sindical apontou o exemplo recente de várias dezenas de operários da construção naval da Figueira da Foz que «tiveram de ir para Espanha» devido à crise que o sector atravessa em Portugal.

Opinião semelhante tem a coordenadora da Liga Operária Católica (LOC), Fátima Almeida, que aponta a construção civil como uma das áreas onde existe maior tendência para a emigração.

«Há cada vez menos emprego e penso que, nos últimos dois anos, aumentou em muito o número de portugueses que procuram outros países para trabalhar», considerou esta dirigente da LOC.

Depois, nos países de acolhimento, os emigrantes portugueses enfrentam vários «problemas de segurança» a que se somam as «muitas horas» de trabalho, salientou Fátima Almeida.

E mesmo os imigrantes de leste, que acorreram a Portugal, já procuram outras paragens visto que, no nosso país, «também lhes é difícil encontrar emprego» de acordo com as suas competências.

Para Fátima Almeida, o país deve assumir uma «estratégia nacional» que estanque esta saída, já que Portugal «está a perder quadros muito qualificado, com idades muito jovens».
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