«Gangue do multibanco»: dois arguidos negam crimes - TVI

«Gangue do multibanco»: dois arguidos negam crimes

Justiça

Os dois pediram para falar durante a audiência desta quarta-feira

Dois dos 12 arguidos do julgamento conhecido como «gangue do multibanco» pediram para falar durante a audiência desta quarta-feira, e negaram todos os crimes pelos quais estão acusados pelo Ministério Publico.

Um dos elementos, que se encontra detido, começou por «pedir desculpas ao Tribunal por se ter exaltado, duas ou três vezes» durante o processo, justificando as atitudes, dizendo que «nem sempre é fácil ouvir coisas que não são verdade».

Interrogado durante duas horas, o jovem afirmou «desconhecer» os três assaltos a bombas de gasolina, pelos quais vem indiciado.

O outro arguido, um ex-operacional das FP25 que se encontra em liberdade, negou ter dado apoio logístico ao «gangue» nos alegados assaltos a caixas de multibanco, salientando que vai contra os seus princípios «dar cobertura a marginais».

O mecânico garantiu que alguns dos arguidos apenas iam à sua oficina para «repararem as viaturas».

A sessão de hoje ficou ainda marcada por momentos de tensão entre alguns arguidos e a PSP. Antes do início da audiência, a mãe tentou entregar ao filho, arguido detido, uma bateria de telemóvel e um par de brincos, mas foi apanhada em flagrante pelos agentes que a impediram de dar os objectos.

A situação causou exaltação e troca de palavras entre arguidos e os elementos da autoridade, o que levou os agentes que se encontravam na sala da primeira vara criminal do Campus da Justiça em Lisboa, a pediram reforço policial.

Os dois objectos foram apreendidos pela PSP e a mãe foi encaminhada para a esquadra do Campus da Justiça, para identificação, não tendo assistido à sessão de hoje.

A presidente do colectivo de juízes, Maria Leonor Botelho, agendou o início das alegações finais para 15 de Fevereiro.

O «gangue do multibanco», do qual «Quinito», «Marco d¿Aires» e um ex-operacional das FP25 são três dos principais arguidos, está acusado de associação criminosa para roubo e furto de máquinas ATM, com recurso a veículos de alta cilindrada previamente furtadas para o efeito.

Em finais de 2010, o Tribunal da Relação de Lisboa mandou repetir todo o julgamento do «gangue do multibanco» - acusado de roubar mais de dois milhões de euros em caixas ATM -, por entender que o primeiro julgamento «foi gravemente lesivo dos interesses e expectativas das vítimas e corrosivo para a imagem de uma Justiça que tem vivido um dos seus piores momentos».

Segundo o acórdão da Relação, o colectivo de juízes que absolveu 11 dos 12 membros do gangue fez um «errado julgamento de parte significativa» das provas levadas a tribunal.

Os juízes desembargadores expressaram «incompreensão e perplexidade» pela decisão tomada em Julho de 2010 por um colectivo de juízes das Varas Criminais ante a «evidência e irrefutabilidade de algumas das provas» apresentadas pela acusação feita pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP).
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