Mirandela: Leandro era «uma criança reguila» - TVI

Mirandela: Leandro era «uma criança reguila»

Testemunhos recolhidos pelas autoridades confirmam agressões mas não referem suicídio

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Os testemunhos recolhidos pelas autoridades confirmam a existência de agressões no caso de Mirandela, não falam em suicídio e descrevem o Leandro como «uma criança reguila», disse à Lusa fonte ligada ao processo, esta segunda-feira.

A criança de 12 anos atirou-se ao rio Tua, terça-feira passada, com alguns relatos a indicarem que se tratou de suicídio por alegada violência na escola e o caso a gerar um debate nacional sobre a problemática do bullying.

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De acordo com a fonte, as versões recolhidas no inquérito judicial em curso, nomeadamente de alunos, professores e familiares, «coincidem no essencial» com o que tem sido veiculado na Comunicação Social relativamente ao percurso da criança no dia do sucedido.

O Leandro terá sido agredido por um aluno mais velho de «17/18 anos» que frequenta as turmas de Educação e Formação na mesma escola.

Colegas relatam que o viram a chorar, enquanto jogavam à bola, e a sair do recinto da escola dizendo que «ia atirar-se ao rio». «Os amigos pensam que de facto ele não se queria afogar. Ele nunca disse que se queria matar», relatou a fonte.

Dos testemunhos recolhidos, conclui-se ainda que a criança «é (era) interveniente em muitas zaragatas, muitas vezes provocadas pelo próprio, que, nas situações de agressões, resistia e não demonstrava medo».

As versões indicam também que «ele é uma criança reguila, não é apático» e «tem alguns problemas de indisciplina».

Os testemunhos relatam que «às vezes, faltava a aulas, como aconteceu no dia dos factos em que não foi à última aula da manhã».

Os testemunhos recolhidos indicam ainda que devia «haver por parte da escola um reforço do controlo e das medidas de apoio e vigilância».

O inquérito judicial está a cargo do Ministério Público que delegou na PSP de Mirandela a sua condução, nomeadamente a audição de testemunhas, cabendo ao procurador avaliar as diligências.

A escola Luciano Cordeiro continua sem prestar esclarecimentos públicos sobre o sucedido, mas abriu também um inquérito interno que se espera «esteja concluído hoje e seja entregue amanhã (terça feira) à Direcção Regional de Educação do Norte (DREN)», segundo disse à Lusa o gabinete de imprensa do Ministério da Educação.

Colegas e familiares associaram o caso à violência na escola e nos últimos dias várias pais têm denunciado publicamente outros alegados casos, falando mesmo de bullying e da «inacção da escola».

O comandante distrital da PSP de Bragança, Amândio Correia, confirmou à Lusa que «de facto há uma queixa» de 2008 relativamente a uma alegada agressão sofrida pela criança em causa, que a polícia comunicou ao Ministério Público, naquela ocasião. O comandante desconhece «qual o resultado» dessa participação.

A PSP de Mirandela registou também no ano letivo anterior, de 2008/2009, «três ocorrências em que foram reportadas agressões e outras tantas já neste ano lectivo a que se soma ainda o furto de um telemóvel». Todas «no exterior das escolas».
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