Refer nega relação entre Rossio e obras no Marquês - TVI

Refer nega relação entre Rossio e obras no Marquês

  • Portugal Diário
  • 22 out 2004, 09:37

«É um pouco abusivo essa relação directa», diz presidente da empresa

O presidente da Refer, Braancamp Sobral, rejeitou esta sexta-feira qualquer ligação entre as obras do túnel do Marquês de Pombal e o problema detectado no túnel do Rossio que levou hoje de madrugada ao seu encerramento temporário.

"É um pouco abusivo essa relação directa", disse em conferência de imprensa, Braancamp Sobral.

O presidente da Rede Ferroviária Nacional referiu que o ponto vertical entre o Rossio e Campolide é na zona da Artilharia Um e, adiantou, "não há nenhum relatório técnico que indique qualquer ligação da obra no Marquês de Pombal com o túnel do Rossio".

Hoje de madrugada, após o anúncio do encerramento do túnel do Rossio, a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) solicitou à Refer esclarecimentos sobre a eventual relação entre a interdição e as obras do túnel do Marquês.

Em nota dirigida de madrugada ao presidente do conselho de administração da Refer, e a que a Agência Lusa teve acesso, a ACA-M recorda que tentou "em vão" nos últimos meses obter informação sobre "um eventual impacto do túnel rodoviário do Marquês sobre o túnel ferroviário do Rossio", insistindo agora que lhe dada uma resposta, face ao ocorrido.

Braancamp Sobral explicou na conferência de imprensa que a suspensão da circulação ferroviária no túnel do Rossio, hoje às 2:00, se destinou a garantir as condições de segurança dos utilizadores e uma maior eficácia e rapidez celeridade na execução das obras necessárias, que já eram anunciadas há mais de dois anos [ ver artigo relacionado: «Alerta no túnel»].

Em Abril de 2002, a empresa confirmava ao PortugalDiário que se previa uma intervenção - «eventualmente no decorrer deste ano [de 2002]» - no túnel do Rossio para «a consolidação, a estabilização e o reforço da estrutura e geometria da galeria; a regularização do sistema de drenagem; a substituição dos vários tipos de via existente por via embebida em laje; a substituição do sistema de suspensão da catenária; e a segurança integrada». Até hoje, nada tinha sido feito.

«Deficiência estrutural grave»

O presidente da Refer explicou ainda que o encerramento do túnel surgiu após a análise das conclusões de um relatório do Laboratório Nacional Engenharia Civil (LNEC) que aponta para uma "deficiência estrutural grave ao quilómetro 2.020 e numa extensão de 40 metros".

O problema que levou à interdição do túnel - abatimento da cobertura - vem desde 1927 e tem vindo a deteriorar-se ao longo dos anos, embora esteja a ser monotorizado, assinalou.

Braancamp Sobral afirmou que o túnel do Rossio, com mais de 100 anos, ainda poderia estar em condições operacionais durante mais alguns meses, mas o conselho de administração ponderou os relatório e considerou que devia ser fechado.

"Não quero arriscar a vida de pessoas e bens. É preferível prevenir do que remediar", disse, adiantando, no entanto, não quer criar situações de alarme.

Durante o período de interdição de circulação ao tráfego de passageiros, que se prevê demorar cerca de dois meses, serão realizados vários exames estruturais e trabalhos de reparação e manutenção.

Braancamp Sobral anunciou também que vai ser criada hoje uma comissão para acompanhar toda a situação e obras, composta, entre outras entidades pelo LNEC que vai fazer uma avaliação constante nestes 60 dias.

No prazo de dez dias, a Refer promete informar do prazo efectivo da interdição do túnel, que hoje, só no período da manhã, terá afectado cerca de 12 mil pessoas.
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